Indecoroso
Tentar encontrar contradições em contextos diferentes e tentar acusar Centeno de favorecimento, num processo em que ao Estado Português já nada mais restava senão, em estado de necessidade, tentar garantir que até ao soar do gong, pelo menos um comprador surgisse, para evitar a falência do banco, corrida aos depósitos e destruição das frágeis economias insulares, tendo em conta a insultuosa submissão e omissão praticada ao longo de três anos por quem tinha o dever de agir, releva de um cinismo inqualificável, muito para além do habitual na cena política Portuguesa. Claro que todos sabemos como agia o anterior Governo, como descartava culpas para Banco de Portugal e outros, quando suspeitava que, por culpa sua, tudo iria correr mal. Sabemo-lo porque vivemos o caso BES e suas sequelas. Todos compreendemos que o PSD, com o seu líder escondido atrás das linhas de combate, à espera que a sorte das armas se vire a seu favor, não está nas melhores condições para se oferecer como alternativa. Claro que observamos, ao menos por agora, um comportamento independente e isento, da figura tutelar da Nação, lugar de onde antes só vinham complacências com a direita. Claro que temos nas Finanças alguém que, pelo menos é tão sensível aos homens e mulheres que sofrem como sensível à dívida nacional. Claro que tudo isto irrita o PSD e leva-o às do cabo. A inventar perversões onde só havia soluções forçadas pelo estado de necessidade. A agredir sem fundamento gente decente que coloca todo o seu saber ao serviço do resgate de Portugal, não o resgate técnico da dívida, mas o resgate de toda a usurpação interesseira que, em nome de um mítico mercado, se abateu sobre a terra lusa.
O PSD deve parar para refletir. Sobre o País, os Portugueses, as restantes forças e instituições. Sobre os métodos de estar e agir na política. Sobre a mensagem destrutiva e desmoralizadora que se escoa destes debates altamente mediatizados. O PSD não é um partido qualquer. Embora tenha perdido a maioria para governar foi o partido mais votado e como tal chefiou a coligação. Tem que saber ser digno dos seus melhores pergaminhos, em vez de se colar ao dramatismo forçado do insulto e da agressão.