Guterres assume compromisso com os mais vulneráveis
Na sua primeira intervenção pública enquanto escolhido, por unanimidade e aclamação, pelo Conselho de Segurança da ONU para ocupar o cargo de secretário-geral das Nações Unidas – o que, nos próximos dias, deverá ser aprovado pelos 193 Estados-membros em Assembleia-geral –, o antigo primeiro-ministro português e ex-secretário-geral do PS reconheceu os “enormes desafios” que o esperam.
O também antigo alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados prometeu servir as vítimas dos conflitos, do terrorismo, das violações dos direitos, da pobreza, das injustiças.
Acompanhado pelo chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, até uma sala do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Lisboa, Guterres dirigiu-se também aos portugueses para exprimir “profundo reconhecimento” às hierarquias do Estado e à diplomacia.
“Humildade” e “gratidão” foram as primeiras palavras de Guterres, para descrever a “emoção” perante o consenso e a rapidez da decisão do Conselho de Segurança, já conhecida formalmente, e elogiar o “processo exemplar de transparência e de abertura” para a eleição do próximo secretário-geral.
Num discurso proferido em quatro línguas – português, inglês, francês e espanhol António Guterres disse esperar que tal “represente uma capacidade acrescida para, em unidade e em consenso, ter a possibilidade de tomar a tempo as decisões que o mundo conturbado em que vivemos exige”.
Uma vitória para Portugal e para as Nações Unidas
Segundo frisou na ocasião o ministro dos Negócios Estrangeiros, Portugal “não espera favores do secretário-geral das Nações Unidas”, até porque, pontualizou, “a melhor maneira” de servir os interesses do país de origem do futuro secretário-geral da ONU é servir os interesses desta organização internacional.
“Queremos que o secretário-geral das Nações Unidas lidere aquela que é a grande organização multilateral do nosso tempo”, reforçou Augusto Santos Silva, para quem a indicação formal de Guterres “é uma vitória para Portugal, mas é, sobretudo, uma grande vitória para as Nações Unidas”.
O chefe da diplomacia portuguesa assinalou também o facto de António Guterres ter falado em português, realçando, porém, que “não depende do secretário-geral das Nações Unidas” convencer a comunidade internacional a incluir o português entre as línguas oficiais das Nações Unidas.
“Depende de Portugal continuar a fazer um trabalho, que já hoje torna o português língua de trabalho em várias das agências das Nações Unidas e que há de tornar, mais ano, menos ano, o português numa das então sete línguas oficiais”, defendeu.