Governo reafirma objetivo de atingir neutralidade carbónica em 2050
O ministro do Ambiente e da Transição Energética reafirma que é possível, e desejável, alcançar a neutralidade carbónica em Portugal até 2050, mas, para isso, é necessário reduzir em 85% as emissões de gases com efeito de estufa e aumentar em 25% a capacidade de sequestro de carbono.
“Não há como negar. As consequências das alterações climáticas são do presente e em Portugal provocam secas prolongadas e o avanço do mar, bem como, aumentam o risco de incêndio e de ocorrências de cheias súbitas”, evidenciou Matos Fernandes, ontem, durante a sua intervenção na sessão comemorativa do Dia da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
Para o ministro, a neutralidade carbónica constitui “um projeto de enorme ambição” que implica mudanças de comportamento e deve ser assumido como um compromisso coletivo assente numa liderança política determinada e numa participação ativa da sociedade.
Neste quadro, o titular da pasta do Ambiente e da Transição Energética defende que todos os agentes e setores terão de contribuir com a sua parte, nomeadamente nos domínios dos resíduos, indústria, agricultura e edifícios, sendo que as maiores mudanças terão que ocorrer nas áreas da energia e dos transportes.
Perspetivando as alterações exigíveis para o setor energético, João Matos Fernandes salientou que, em 2050, toda a eletricidade terá de ser gerada a partir de fontes renováveis, sendo que, em 2030, já atingirá os 80%. Quanto à evolução nos transportes, o ministro estima que em 2050 toda a mobilidade terrestre seja “coletiva, suave, partilhada e movida a eletricidade ou hidrogénio”, e que, em 2030, um terço dela seja já elétrica.
“No presente, Portugal importa 75% da energia que consome, em 2030 reduziremos essa dependência energética para 65% e em 2050 para 17%”, avançou o governante.
Por seu lado, no domínio petrolífero, João Pedro Matos Fernandes prevê que a importação do número de barris de petróleo por ano diminua dos atuais 70 milhões para apenas 10 milhões em 2050, o que permitirá obter “consequências positivas de enorme dimensão” na balança comercial, considera o ministro.
Segundo Matos Fernandes, é obrigatório que Portugal tenha uma floresta mais adaptada ao território e mais resistente ao fogo, por forma a reduzir para metade a média da área florestal ardida por ano em Portugal.