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Governo quer manter coleção Miró em Portugal

Governo quer manter coleção Miró em Portugal

O ministro da Cultura quer que as obras de arte de Joan Miró, que pertenceram ao património do ex-BPN, fiquem no país e passem a integrar o acervo dos museus portugueses. João Soares pretende assim inverter o propósito do anterior Governo de direita, que não manifestou interesse em manter a coleção em Portugal, não hesitando em colocá-la num leilão no estrangeiro.

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Governo chega a acordo para manter coleção Miró sem penalização para o Estado

Foram muitas as mensagens que chegaram já ao Ministério da Cultura, congratulando-se com a decisão de João Soares de incorporar o acevo de Joan Miró, que pertenceu ao património do ex-BPN, nas coleções de arte dos museus portugueses.

Falando à margem de um encontro com Luís Braga da Cruz, que termina as suas funções como presidente do conselho de administração da Fundação de Serralves no final deste mês de dezembro, João Soares revelou que propôs que a primeira exposição pública com as 85 obras do catalão Joan Miró, provenientes do antigo Banco Português de Negócios, tivesse lugar no museu da fundação, justificando ser esta a “grande instituição museológica no norte” com capacidade para “realizar uma exposição digna desta coleção”.

O ministro da Cultura não deixou também de referir a importância de se “fazer justiça” aos apoios que a coleção tem recebido na capital, tendo na ocasião citado o nome de Joe Berardo que, recordou João Soares, tem “manifestado desde o princípio de todo este processo” disponibilidade para expor o acervo de Joan Miró no museu situado no Centro Cultural de Belém, apoios que o titular da pasta da Cultura disse que se devem igualmente estender à própria Câmara Municipal de Lisboa.

Depois de referir já ter comunicado ao Ministério das Finanças, atual proprietário das obras de Joan Miró, a intenção de fazer uma primeira exposição pública do pintor catalão no museu de Serralves, João Soares justificou esta sua iniciativa como um primeiro passo para se poder fazer uma “inventariação e depois uma avaliação” para que as obras “passem a pertencer às coleções dos museus portugueses”.

Recorde-se que a polémica em torno destes quadros do artista catalão começou em 2013, quando o Governo liderado por Passos Coelho mostrou absoluto desprezo pelo enorme valor artístico do acervo de Joan Miró, defendendo que as obras deveriam ser vendidas em leilão para amortizar a dívida do ex-BPN.

Pacheco Pereira e Isabel Pires de Lima em Serralves

O Ministério da Cultura escolheu o filósofo e historiador José Pacheco Pereira e a professora catedrática da Faculdade de Letras do Porto e antiga ministra da cultura Isabel Pires de Lima para a futura administração da Fundação de Serralves.

Nomes que se juntam à economista Ana Pinho Macedo Silva, que assumirá a presidência, em substituição de Braga da Cruz que termina o seu mandato à frente da Fundação de Serralves no final do corrente mês de dezembro.

De acordo com os estatutos da fundação, o conselho de administração é composto por nove membros, sendo um presidente, três vice-presidentes e cinco vogais, sendo a responsabilidade da escolha dos membros do próprio conselho, com a exceção de dois nomes cuja escolha cabe ao Estado.

No seu blogue pessoal, Pacheco Pereira fez questão de salientar tratar-se de um “lugar não remunerado e sem qualquer prebenda”, condição que o historiador colocou para poder aceitar o convite.