Governo não é refém de ninguém
Lamentando que outros partidos europeus da família socialista tenham entrado voluntariamente num “imenso caldeirão” incaraterístico e “indistinto” que está a ajudar a “promover o extremismo de direita e de esquerda”, em alguns países da União Europeia, Carlos César garante que, em Portugal, o que os socialistas propõem é que a “direita neoliberal ocupe o seu lugar e o PS o seu”.
E isto, como defende o presidente do PS, porque existe mesmo “uma grande linha de fratura” entre as políticas defendidas pela direita neoliberal, e o exemplo mais evidente, como realça, foi o rumo que em Portugal PSD e CDS imprimiram nos últimos quatro anos e meio às políticas nacionais, e que são hoje “predominantes na Europa”, e a esquerda onde “pontua o PS”.
Para a direita, sustenta Carlos César, a desigualdade é o “fermento da competitividade e do crescimento”, enquanto para o Partido Socialista e para o Governo português, liderado por António Costa, é a igualdade que proporciona o crescimento e lhe dá sustentabilidade, sendo esta uma das “grandes fronteiras” entre a direita e a esquerda.
Nesta entrevista à agência Lusa, Carlos César, depois de reconhecer que também no PS existem “pessoas com uma tendência mais conservadora na avaliação dos costumes ou na análise que fazem da economia e do papel do Estado”, lamenta que na atual direção do PSD pontue a direita neoliberal mais radical, cujas políticas “têm vindo a desgraçar a Europa” ao insistir na prática da “austeridade intensiva”, um modelo que tem “sonegado em muitos países” as potencialidades de crescimento e de maior coesão social.
Não somos reféns de ninguém
Reagindo a algumas críticas que acusam o Governo do PS de estar bloqueado na sua capacidade reformista fruto da aliança parlamentar que estabeleceu com os partidos à sua esquerda, Carlos César garante que “ninguém está refém de ninguém”, mas não deixa de advertir que os enquadramentos políticos “são sempre diferentes consoante se está no Governo com maioria absoluta ou dependente de maiorias à direita ou à esquerda”.
Este é o cenário, sustenta, que justifica que, na presente conjuntura, o Governo liderado pelo primeiro-ministro António Costa “compatibilize necessariamente” objetivos e métodos de governação com os partidos dos quais “dependemos em votações consideradas cruciais”.
Contudo, garante ainda Carlos César, o PS não “está nas mãos de ninguém”, porque em democracia e no quadro da integração europeia “acabamos todos por estar nas mãos de todos”.