Governo falhou no combate à pobreza
No essencial Bruxelas vem confirmar o que o líder do PS há muito vem denunciando: que o Governo português “não está a ser capaz de lidar com o aumento da pobreza”.
Subscrevendo na prática o que António Costa tem denunciado, de que os renovados cortes nos apoios sociais estão a afetar “de forma desproporcional” os mais pobres, com especial incidência nas famílias com filhos, o relatório da Comissão Europeia afirma claramente que o Governo português tem desenvolvido uma estratégia errada quanto às políticas de proteção social, demonstrando uma enorme incapacidade para lidar com o brutal aumento do desemprego, com consequências diretas no agravamento da pobreza.
Esta realidade, sublinha ainda o relatório da Comissão Europeia, só entre 2012 e 2013, lesou mais de 210 mil pessoas, cerca de 27,4% da totalidade da população.
Neste relatório da Comissão Europeia diz ainda que “o impacto das transferências sociais (excluindo as pensões) na redução da pobreza baixou de 29,2% para 26,7%, entre 2012 e 2013”, o que indica que o sistema de proteção social foi “incapaz de responder ao aumento do desemprego com o consequente agravamento da pobreza”.
Bruxelas salienta que algumas das iniciativas tomadas mais recentemente pelo Governo português “tiveram um impacto negativo” no rendimento disponível das famílias, o que em muito contribuiu para afetar de forma “desproporcional” os mais pobres.
Para se ter uma ideia da tragédia que representam as políticas deste Governo de direita, e no que respeita em particular ao aumento da pobreza e da sua incidência na vida das famílias, basta recordar que são as crianças as principais atingidas, com os números a mostrarem que só em 2013 mais de 31% de crianças estavam em risco de exclusão, em virtude da enorme “redução nos benefícios para a infância”, perante 27,4% nos cortes no resto da população, sendo que Portugal apresenta hoje a maior subida daquele indicador na União Europeia.
A Comissão Europeia destaca ainda que entre finais de 2010 e o verão de 2014 perto de 600 mil beneficiários deixaram de ter acesso aos apoios sociais para a infância, o que em muito ajudou ao “aumento dos níveis de pobreza e de exclusão social”.
Ainda de acordo com este relatório da Comissão Europeia, em setembro de 2014, os desempregados que não recebiam subsídio de desemprego ou Rendimento Social de Inserção “representavam 47,9% de todas as pessoas sem emprego”, o que se traduziu, acrescenta este relatório da Comissão Europeia, no “deteriorar dos indicadores de pobreza”.
Veja aqui o vídeo de Carlos César sobre a pobreza.