Durante o debate sobre a aproximação das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, agendado pelo PSD, Paulo Pisco comentou que parece que o secretário de Estado das Comunidades – que não compareceu ao debate – “está a pedir ao seu grupo parlamentar que convença o seu próprio Governo a fazer aquilo que não consegue”, à semelhança do que aconteceu com a propina do ensino do português no estrangeiro.
O atual secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, criou esta propina há dez anos, quando ocupava o mesmo cargo no Executivo PSD/CDS da altura, “e agora prometeu abolir”, mas “não cumpriu e acabou por ser uma proposta do Partido Socialista, aprovada no Parlamento, que pôs fim à propina contra a vontade do PSD que, afinal, aquilo que queria era reduzi-la gradualmente ao longo de quatro anos”, esclareceu o coordenador dos deputados do PS na Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas.
“O PSD enganou as nossas comunidades”, lamentou o socialista, que defendeu que “seria muito melhor se conseguíssemos vislumbrar no Governo inovação, iniciativa e visão estratégica para as comunidades”.
Ao fim de dez meses de governação da AD, vemos apenas “um secretário de Estado que corre sem destino a saltar de um país para outro a anunciar computadores para os consulados e cheques para as associações que já tinham sido decididos pelo anterior Governo”, criticou.
Avisando que “governar é muito mais do que gerir aquilo que foi deixado”, Paulo Pisco pediu que se valorize as comunidades, mudando mentalidades e fazendo a “ligação com as autoridades nos países de acolhimento para garantir melhores condições e melhor aceitação para as nossas comunidades”.
O deputado do PS apelou ainda à “transformação da nossa administração pública, que nunca se adaptou devidamente às necessidades dos nossos compatriotas e, por isso, não os atende devidamente”.
Os mais idosos que querem regressar a Portugal e fixar cá a residência fiscal também não podem ser esquecidos, frisou Paulo Pisco, sublinhando que “há muitos que só não o fazem, porque as suas reformas são pesadamente tributadas em IRS”.
“Queremos mais ambição para o ensino do português no estrangeiro, do básico às universidades, com outras abordagens e mais recursos”, sustentou Paulo Pisco.
O socialista disse ainda que “o Instituto Camões devia abrir as suas portas para os talentos culturais de portugueses e luso-descendentes nas comunidades”.