Governo enfrentará bloqueios estruturais do país com rigor e audácia
No encerramento da conferência “Portugal entre o rigor e a audácia”, na Fundação Calouste Gulbenkian, António Costa vincou que “muitos diriam, muitos disseram, muitos previam” que um consenso a nível interno e europeu seria impossível, mas o Orçamento “foi construído e vai ser aplicado tendo em vista o rigor das contas públicas”.
Também teve em linha de conta a reposição do rendimento das famílias que, apontou, “deverá contribuir para relançar a economia”.
Descrevendo a ação política do Executivo socialista, o primeiro-ministro frisou que “em todos os momentos decisivos da nossa história fomos capazes de virar a página, sempre conseguimos articular bem o rigor com a audácia. Este é mais outro dos momentos decisivos da nossa história em que o temos de saber fazer”.
António Costa, que interveio durante cerca de 20 minutos, falou de um relatório recente da Comissão Europeia sobre a situação económica e estrutural do país e lembrou a crise financeira dos últimos anos e o período da troica em Portugal.
Segundo o governante, a “terapia” aplicada ao país foi somente focada nos dados macroeconómicos, sem bons resultados, e não houve uma intervenção noutras áreas como a qualificação profissional, inovação empresarial ou os custos de contexto.
“Não se pode pedir a uma terapia resultados que [esta] não visava alcançar”, considerou, elencando depois cinco “bloqueios estruturais” que o Governo quer enfrentar: a qualificação profissional, e “não só das futuras gerações”, a modernização da justiça, a modernização do tecido empresarial, o investimento e modernização no setor energético e a estabilização do sistema financeiro e capitalização das empresas.
E acrescentou: “Temos de ser capazes de combinar o rigor com a audácia. E essa audácia implica a coragem de responder não só àquilo que são as metas e os resultados exigidos para o imediato”.
A finalizar, o primeiro-ministro recordou o recente sufrágio presidencial e declarou que Portugal, sem períodos eleitorais nos próximos tempos, vive agora uma boa oportunidade para refletir sobre os seus problemas estruturais.
“Esses bloqueios enfrentam-se sem necessidade de reinventar a roda”, avisou ainda, reafirmando que estes serão combatidos “respeitando o rigor dos constrangimentos da gestão anual” dos orçamentos do Estado.