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Governo devolve gestão da Carris a Lisboa: “Palavra dada é palavra honrada”

Governo devolve gestão da Carris a Lisboa: “Palavra dada é palavra honrada”

“Bom senso”. Foi como o primeiro-ministro classificou a transferência da Carris para a gestão da Câmara Municipal de Lisboa, criticando o anterior Governo de direita pelo “fanatismo ideológico”, ao ter defendido que “só o privado podia gerir bem um serviço público”.

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Governo devolve gestão da Carris a Lisboa: “Palavra dada é palavra honrada”

António Costa, que interveio hoje na cerimónia da assinatura do memorando da passagem de gestão da Carris para a Câmara Municipal de Lisboa, depois de defender que este acordo “põe fim a um contencioso histórico”, lembrou que o Estado, ao assumir a dívida existente na empresa, “não está a fazer nenhum favor” uma vez que, como salientou, “mantém-se responsável pelo que já é responsável”, ou seja “pela dívida que ele próprio criou”.

Aliás, segundo o primeiro-ministro, este problema das dívidas acumuladas das empresas de transportes coletivo, que assume já um valor muito significativo, resulta sobretudo, como salientou, do factos dos “sucessivos governos, durante 40 anos”, não terem cumprido com as “obrigações do Estado”.

O acordo agora assinado vai permite que a gestão da Carris seja transferida para o município de Lisboa, assegurando-lhe uma gestão municipal, dando assim mais um passo, como defendeu o primeiro-ministro, na concretização do objetivo de manter a natureza pública do sistema de transportes.

A este propósito, António Costa lembrou que já em 2007, quando tomou posse como presidente da CML, após ter ganho as eleições autárquicas intercalares, defendia a transferência da gestão da Carris para o município, sublinhando que “não é por ter mudado de funções que mudei de ideias”.

“Palavra dada é palavra honrada”, acrescentou.

Mais autocarros e passes gratuitos para os jovens

Uma das primeiras consequências positivas da passagem da gestão da Carris para a esfera da Câmara Municipal de Lisboa, segundo anunciou o presidente da autarquia, Fernando Medina, é o reforço da frota de autocarros, com a aquisição de 250 novos veículos, no valor de 60 milhões de euros, baixar o preço dos passes sociais para os idosos, a atribuição às crianças, até aos 12 anos de idade, de um passe gratuito e a contratação de 220 motoristas, para além “da criação de 21 novas linhas”.

Segundo o autarca, os novos veículos a adquirir num prazo de três anos, tecnologicamente mais evoluídos, contribuirão de forma sustentada para uma diminuição de cerca de 40% nas emissões poluentes, defendendo Fernando Medina, que estas e outras iniciativas obedecem a “uma visão estratégica” que a Câmara Municipal de Lisboa tem para os próximos cinco anos para a Carris, não deixando contudo de realçar que as mudanças “não poderão acontecer de um mês para o outro”.

Para além do anúncio da criação de passes gratuitos para as crianças até aos 12 anos de idade, e de descontos para os idosos, Fernando Medina referiu ainda a criação de uma “rede de bairros”, onde serão criadas, como garantiu, “carreiras para ligar os principais pontos de cada zona”, como escolas, mercados, farmácias ou centros de saúde.

O memorando hoje assinado entre o Estado e a autarquia, que passará a gestão da Carris para a Câmara Municipal de Lisboa a partir de 1 de janeiro de 2017, permitirá baixar, já no primeiro mês do próximo ano, o valor do passe sénior Navegante Urbano, utilizável na transportadora rodoviária e no Metropolitano de Lisboa, dos atuais 26,75 euros mensais para os 15 euros por mês, o que corresponde a uma descida, como aludiu o autarca, a uma poupança anual de 141 euros aos utentes.

No caso das crianças até aos 12 anos de idade, que atualmente pagam 26,75 euros/mês pelo seu passe, vão passar a beneficiar da total gratuitidade no acesso aos transportes, sendo que para os jovens a partir dos 13 anos de idade, o preço do passe social será mantido.

Quanto ao modelo de financiamento da Carris, segundo anunciou Fernando Medina, haverá “alocação de verbas de estacionamento e multas, e ainda a captação de financiamento no Imposto Único de Circulação (IUC).