Governo de gestão seria extremamente negativo para Portugal
António Costa está convicto de que os portugueses percebem que têm uma escolha “muito clara” pela frente.
“Ou dão condições de governação maioritária ao PS ou terão de ver arrastar em agonia a atual coligação, em governo de gestão, pelo menos até fevereiro do próximo ano”, referiu, sublinhando que uma maioria absoluta dos socialistas é “condição necessária”, contudo, não suficiente, porque concertação social, negociação sindical e compromissos políticos são sempre “necessários e úteis”.
A este propósito, recordou que “há dois modelos muito distintos que vão a votos nas próximas eleições”.
No que respeita ao PS, o líder socialista frisou que o cenário macroeconómico apresentado por Mário Centeno tem um denso capítulo relativo à inovação e à internacionalização da economia.
“Há uma grande preocupação no relatório com um conjunto de medidas que visam, em primeiro lugar, capitalizar as empresas e criar condições para que se possam robustecer, para se poderem financiar e investir. E que, sobretudo, o façam nos sectores mais suscetíveis de contribuírem para um crescimento com base nas exportações”, lembrou António Costa, referindo, porém, que para dar tempo a estas medidas produzirem efeito é preciso dar capacidade de respiração e margem de manobra na sociedade portuguesa.
“É nessa medida que [o documento] assume a importância de aumentar o rendimento disponível das famílias, para poder descomprimir a procura interna e, com isto, travar a sangria da destruição de empregos e das falências”, explicou, referindo a medida relativa à redução da taxa social única (TSU), também neste ponto.
Programa socialista cumprirá margem orçamental
Quanto às novas medidas que venham enriquecer o projeto de programa eleitoral do PS aberto a debate até 29 de maio, insistiu António Costa, “ainda vão ser avaliadas, no conjunto, pelo grupo de economistas” socialistas, garantindo assim que passam por um crivo final que lhes assegure condições de exequibilidade.
Já o resultado final, o Programa de Governo do PS, ressalvou, “cumprirá escrupulosamente a margem orçamental que foi definida no documento dos economistas”.
No que diz respeito à posição de Portugal no quadro de exigências da União Europeia (UE), António Costa diz-se “preparado sobretudo para prestar contas aos portugueses no dia-a-dia”.
Defendendo que é preciso “mudar a postura submissa” com que este Governo se tem apresentado na UE, “como se não fosse parte mas subordinado de um clube”, o secretário-geral do PS advogou “uma postura ativa, como sempre tivemos na nossa história”.
António Costa considerou ainda “lamentável” que a direita portuguesa, “por pura mercearia política interna”, tenha desvalorizado a análise dos problemas estruturais do euro para convencer os portugueses de que os nossos desequilíbrios se deviam exclusivamente a problemas nacionais.
Depois, criticou o Executivo Passo /Portas “por ter renunciado por oportunismo político a travar na Europa os combates que têm de ser travados contra as assimetrias do euro”.
Neste ponto, concluiu o líder socialista: é preciso travar esse combate “de forma inteligente, construtiva e positiva, como um grande partido europeísta como o PS tem legitimidade para fazer”.