Governo dá exemplo de mobilidade elétrica num “compromisso que tem de ser assumido por todos”
Falando para uma plateia de jovens, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, o primeiro-ministro e líder socialista recorreu à sua própria experiência pessoal nos anos em que desempenhou o cargo de presidente da Câmara Municipal de Lisboa, para recordar os benefícios do recurso à mobilidade elétrica, lembrando que na altura apenas utilizava em exclusivo viaturas elétricas para as suas deslocações na cidade ou na área metropolitana, pretexto para anunciar que a partir do dia 1 de fevereiro todos os ministros do Governo apenas “circularão na cidade e na área metropolitana em viaturas elétricas”.
Uma deliberação que, segundo António Costa, apesar de constituir “um gesto simbólico” tem o significado mais amplo de pretender alertar os portugueses para cumprimento da promessa assumida por Portugal de alcançar a neutralidade carbónica até 2050, um objetivo que será granjeado, como salientou, mesmo com um conjunto de obras já calendarizadas, como a expansão do aeroporto de Lisboa ou a construção da nova infraestrutura aeroportuária do Montijo.
António Costa deixou ainda o compromisso de que ao longo deste ano será assegurada a neutralidade carbónica da residência oficial do primeiro-ministro, que produz anualmente cerca de “85 toneladas de dióxido de carbono”, sendo este “um outro gesto simbólico”, como salientou, que “gostaria de dar como prenda à cidade de Lisboa”, referindo que cerca de 40 das 85 toneladas produzidas anualmente pelo edifício “serão compensadas através da produção local de energia, sendo 35 toneladas através de medidas de gestão de eficiência energética e dez toneladas através do arvoredo do jardim”.
Reconhecendo haver custos óbvios associados a estas e a outras iniciativas, o chefe do executivo garantiu, contudo, que o investimento que será feito “é totalmente recuperável nos próximos cinco anos”, uma garantia que foi aliás, como referiu em jeito de graça, subscrita pelo próprio ministro das Finanças, porque sabe que não “contribuirão para o défice a longo prazo do Estado português”.
Sobre a “distinção” que recaiu sobre Lisboa para Capital Verde Europeia de 2020, António Costa recordou que esta é a primeira vez que uma cidade do sul da Europa é a escolhida para receber este título, considerando este gesto “mais do que um prémio, um enorme compromisso” que, como defendeu, “terá de ser assumido por todos”, lembrando que as alterações climáticas assumem nos dias de hoje um carácter “absolutamente indesmentível e inquestionável” que exige “uma ação rápida” e consistente das populações e dos governos.
Neutralidade carbónica é objetivo que vai ser alcançado
Perante uma plateia composta sobretudo por jovens, o primeiro-ministro-ministro e líder do PS, depois de referir que atingir a neutralidade carbónica, ao contrário do que alguns possam pensar, não significa emissões zero mas sim que as emissões que existem “serão devidamente compensadas de forma a haver uma neutralidade entre aquilo que se emite e aquilo que se compensa com as emissões”, lembrou também que o Plano de Ação Climática que prevê a neutralidade carbónica em 2050 “partiu de uma base conservadora”, com o pressuposto de que a tecnologia não evoluirá e os aviões nesse ano “continuarão a ser tão poluentes como atualmente”.
António Costa respondeu assim, quando questionado se, em sua opinião, as metas ambientais traçadas pelo Governo serão alcançadas até 2050, mesmo com as obras previstas de expansão do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa ou a construção de outros equipamentos aeroportuários, designadamente no Montijo.
Lembrando que Portugal, pela sua posição geográfica, que não está no centro da Europa, “não pode com facilidade substituir a utilização do avião pelo comboio” ou outro meio de transporte, o líder do Executivo garantiu, ainda assim, que mesmo admitindo que “ninguém vai conseguir produzir aviões menos poluentes”, o objetivo da neutralidade carbónica “será alcançado”.