Governo cria novos apoios para a ciência e empresas que queiram reconverter a sua atividade
A juntar ao amplo conjunto de medidas já tomadas pelo Governo desde o início da crise do combate à Covid-19, foi agora anunciada pela ministra Ana Abrunhosa uma nova linha de apoio no valor de 20 milhões de euros destinada a instituições científicas que trabalham no âmbito do desenvolvimento de tratamentos, de vacinas ou de tecnologia, e uma segunda linha de 35 milhões de euros destinada às empresas que queiram reconverter a sua produção e passem a produzir material para combater à doença.
Falando ontem, à margem de uma visita que efectuou a Bragança, junto com os ministros da Ciência e Ensino Superior e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, onde visitou o Instituto Politécnico que passará, como foi anunciado, a fazer testes à Covid-19 em lares de idosos e à população em geral, e a empresa responsável pelo fabrico de tendas insufláveis e de alumínio, equipamentos que foram recentemente cedidos ao Centro de Testes Covid-19 e a Comandos Distritais da Proteção Civil por todo o país, Ana Abrunhosa considerou que este novo esforço financeiro do Governo representa “mais uma oportunidade para as empresas” que tenham encerrado devido à pandemia ou reduzido a sua actividade, de passarem a produzir “o que o país precisa”, dando os exemplos de “máscaras, zaragatoas, batas, equipamentos de proteção individual”, tudo material, como assinalou, que “tanta falta faz aos profissionais de saúde e para todos os outros que têm contactos de maior risco”.
Na ocasião, a ministra lembrou que estes são apoios “para um período transitório”, mostrando-se, contudo, convicta que desta nova iniciativa protagonizada pelo Governo, designadamente a de apoiar a reconversão das empresas, vai nascer “mais conhecimento” que “perdurará no tempo”, tornando as empresas mais “resilientes até ao período da retoma”.
Enquanto não houver uma vacina ou um tratamento muito eficaz para a Covid-19, como referiu a ministra da Coesão Territorial, a recomendação é que todos “consigamos manter os cuidados na forma como nos relacionamos socialmente”, insistindo na oportunidade que estes apoios representam para as empresas, “muitas delas encerradas” e que com estes apoios poderão retomar parte da sua actividade, dando o exemplo, entre outras, das unidade de fabrico de calçado ou dos têxteis.
A ministra Ana Abrunhosa lembrou ainda que estas são medidas “articuladas com outros ministérios”, nomeadamente o da Ciência e Ensino Superior, “que está a mobilizar universidades e politécnicos do país no apoio à realização de testes e produção de equipamento”.
Neste rápido périplo, os ministros visitaram ainda em Vila Nova de Famalicão uma empresa que reconverteu a sua usual produção de cotonetes às necessidades da crise pandémica que o país atravessa, estando agora a produzir zaragatoas, um instrumento com o qual é feita a recolha no nariz do material biológico para a realização de testes de diagnóstico à Covid-19. Uma produção que passa a ser feita numa parceria com a Algarve Biomedical Center, o Instituto Superior Técnico, em Lisboa, e a empresa Hidrofer, de Braga.
Esta sinergia permitirá, como acrescentou a ministra, que a empresa de Braga produza as zaragatoas, o IST, em Lisboa, a esterilização das mesmas e a empresa algarvia o líquido de transporte necessário para colocar a zaragatoa após a sua colheita, passando Portugal, como salientou Ana Abrunhosa, a dispor de uma capacidade de produção de zaragatoas superior a 50 mil unidades por dia, um número que “é suficiente para as aturais necessidades”, que estão hoje nas cerca de 12 mil unidades diárias.