Governo cria concurso contra segregação sexual na escolha profissional e educativa
“Lançámos esse concurso, com a dotação de 870 mil euros, para desenhar projetos que possam combater a segregação sexual nas escolhas educativas e profissionais nas idades em que é muito importante fazê-lo, que é nas idades em que as pessoas estão a fazer as suas escolhas”, explicou a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Mariana Vieira da Silva.
As candidaturas ao concurso, promovido no âmbito do Programa Conciliação e Igualdade de Género dos EEA Grants 2014-2021 (Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu), podem ser feitas até ao dia 31 de maio e a ideia é que empresas, universidades, agrupamentos de escolas ou associações empresariais possam concorrer com os seus projetos de combate aos estereótipos de género nas escolhas profissionais, esclareceu a ministra.
Mariana Vieira da Silva sublinhou depois que essas desigualdades se acentuam na área das tecnologias (TIC). “Sendo uma área muito importante para o trabalho no futuro e uma das áreas que é considerada uma das que será mais bem paga no futuro, estamos a falar da construção de desigualdades salariais futuras”, asseverou.
Por isso, uma das iniciativas que o Governo escolheu para assinalar o Dia Internacional da Mulher foi o evento ‘Construtoras de Futuros’, que decorreu no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, com o objetivo de desconstruir o estereótipo das profissões para rapazes e para raparigas.
A governante sublinhou que, na área das engenharias, o número de diplomados mais do que duplicou nos últimos 20 anos, mas a representação das mulheres caiu de 35% para 32%. Por outro lado, os resultados dos testes do PISA (sondagem internacional para avaliação à literacia dos alunos de 15 anos nas áreas-chave das ciências, matemática e leitura) demonstraram que mais de 45% das raparigas com melhores notas querem ter uma carreira na área da saúde, contrastando com 15% de rapazes.
Barómetros sobre desigualdade salarial em todas as empresas
Relativamente aos dados mais recentes do barómetro sobre igualdade remuneratória, que indica que a diferença salarial entre homens e mulheres caiu 80 cêntimos para 148,9 euros em 2018, Mariana Vieira da Silva disse que “este caminho é um caminho que é feito, que é lento e a Comissão Europeia chama a atenção de uma coisa muito importante, que é, por um lado o caminho tem sido muito lento e, por outro, em muitos pontos do mundo vemos a recuar esse caminho”.
A ministra revelou depois que, a partir de junho, vão começar a ser publicados barómetros com dados empresa a empresa, através de uma iniciativa que está a ser desenvolvida pelo Ministério do Trabalho para que se conheça, por setores, o nível das desigualdades salariais. As empresas terão de apresentar o seu plano de correção das desigualdades salariais entre homens e mulheres.
“Aquilo que nós sabemos é que quando as desigualdades se tornam visíveis, por si só tende a haver um trabalho para a redução dessas desigualdades”, afirmou.
Mariana Vieira da Silva anunciou ainda que está a ser procurado um acordo, em sede de concertação social, para a conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional. “É um caminho também muito importante, porque se fora do contexto profissional todo o trabalho do cuidado da família for sobre as mulheres, não conseguimos fazer esse equilíbrio, muito dificilmente. Apenas através da lei conseguiremos equilíbrio efetivo na ocupação de lugares de decisão, tanto na vida política, como económica, como social”, defendeu a governante.