Governo assume Portugal como país de emigração
O efeito da austeridade “custe o que custar” no aumento das saídas do país é assumido no Relatório da Emigração elaborado pelo Executivo de Passos e Portas.
“Desde 2010, com a natureza assimétrica da chamada crise das dívidas soberanas e os efeitos recessivos das políticas de austeridade, a emigração passou a crescer mais do que antes da crise”, lê-se no documento recentemente divulgado.
E se juntarmos a alta na emigração com a baixa na imigração, o panorama é ainda mais negro: Portugal está hoje na lista dos países europeus de “repulsão”, a par da Bulgária, Roménia e Lituânia.
Só nos últimos dois anos, cerca de 220 mil cidadãos nacionais abandonaram o país, com o Banco Mundial a estimar que haverá cerca de 2,3 milhões de portugueses a viver no estrangeiro há pelo menos um ano.
Contrariamente ao que tinha sido propagandeado pelo Governo da coligação de direita, a emigração não está a abrandar.
O Relatório da Emigração reconhece e acentua, inclusivamente, que os números da emigração correspondem a uma “estimativa prudente”, abaixo da realidade.
O documento permite ainda perceber que há cidadãos portugueses a viverem situações difíceis no estrangeiro e que a enfermagem é uma das áreas com maior êxodo.