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Governo aponta para ano agrícola normalizado em Portugal

Governo aponta para ano agrícola normalizado em Portugal

O país terá “um ano agrícola normal” ou até “mais do que isso”, afirmou o ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas ao comentar a viragem registada na situação de seca no país, significativamente aliviada pelo aumento substancial de ocorrência de chuvas.

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À margem de uma reunião de ministros da Agricultura da União Europeia realizada em Bruxelas, Luís Capoulas Santos indicou que, face à precipitação que se tem registado, já se resolveu o problema da alimentação e abeberamento animal.

“A situação de seca alterou-se muito substancialmente, porque nós tivemos nos primeiros dias de março uma pluviosidade absolutamente anormal – choveu em 10 dias tanto quanto em dois meses de março normais – e, portanto, houve uma grande afluência de águas às barragens”, começou por referir o governante, apontando mais de 20 já estão com mais de 80% da capacidade neste momento.

Todavia, Capoulas Santos admitiu que “persistem alguns problemas no Sul, nas bacias do Sado e do Guadiana”, mas ressalvou que “mesmo os casos problemáticos do Sado devem estar hoje acima dos 50%, o que já permite o exercício de uma atividade agrícola quase normal”.

Depois, o titular da pasta da Agricultura sublinhou que “a precipitação caída não só resolveu o problema da alimentação animal, porque com as temperaturas a subirem e com esta humidade os pastos vão crescer muito rapidamente”, como também “o problema do abeberamento animal, pois praticamente todas as charcas e reservatórios estão a transbordar, mesmo no sul do país”.

Além disso, vincou, a precipitação registada foi “muito importante para as culturas permanentes – a vinha, o olival, os pomares –, que, com esta chuva, viram carregada a quantidade adequada de humidade no solo”.

A concluir, Luís Capoulas Santos considerou que, se a situação climática continuar nestes termos, “poderemos vir a ter um ano agrícola normal, e gostaria até que pudesse ser mais do que isso”.

Convergência da PAC deve continuar

Nesta reunião de ministros da Agricultura da UE, o governante português admitiu, por outro lado, que há divergências entre os Estados-membros sobre “questões sensíveis” da reforma da Política Agrícola Comum (PAC) “importantes para Portugal”.

Assim, Capoulas Santos evidenciou o que descreveu como uma “fricção” em torno da convergência dos apoios aos agricultores, alertando para o facto de estarem em causa os apoios aos agricultores por hectare, matéria na qual persistem grandes assimetrias entre os Estados-membros, apesar de ter sido iniciado, na anterior reforma da PAC, um processo de convergência que o nosso país quer ver continuado.

“A posição portuguesa é que este processo seja gradativo, em que progressivamente, cada ano, os Estados-membros que mais recebem vão perdendo um pouco das ajudas para que aqueles que menos recebem vão aumentando, para que no médio prazo o pagamento seja uniforme”, indicou, lembrando que “Portugal está numa posição responsável”, e defendendo a convergência, mas num “processo com pragmatismo, que possa seduzir os principais pagadores”.

O titular da pasta da Agricultura referiu outras questões que considera omissas nos documentos e que estão sobre a mesa das negociações atualmente, “a mais grave das quais” o facto de não haver “nenhuma referência à discriminação positiva que deve ser dada à pequena agricultura”, assim como “a importância de que a componente do desenvolvimento rural seja contemplada de forma adequada”.

Esta, sublinhou, é uma questão particularmente importante para Portugal, pois é no desenvolvimento rural que estão contemplados “os apoios para a floresta”, explicou, adiantando que Portugal quer “alargar as elegibilidades” e dar “grande enfoque à reforma do sector”.

Para isto, informou, é fundamental “conseguir apoios no próximo quadro que permitam “avançar tão rapidamente quando possível na alteração do perfil da floresta” no país.