FRAGILIDADES
A sondagem da Aximage deste fim-de-semana, efetuada já depois de Pedrógão e Tancos, dá o PS a subir, com 44 por cento, e o PSD a descer, com uns míseros 22, 9. Quase o dobro de diferença! Com estes números, como é possível o PSD olhar mais para o PS do que para si próprio? Só a política da avestruz o pode explicar: Passos enterra a cabeça na areia! Os media falam muito mais numa remodelação depois das autárquicas, do que na queda de Passos, por força destas – a vitória do PS parece certa. Mas, agora, não será Passos a enterrar a cabeça na areia, como lhe convém, mas sim o PSD a enterrá-lo!
Faz, ainda, mais sentido falar na fragilização do PSD e não da do Governo, se tivermos em conta que os ditos sociais-democratas estão a braços com uma guerra de sucessão, o que divide e enfraquece sempre o partido, excluindo-o das alternativas credíveis. Para que tentar inverter a situação, lançando as debilidades para o PS, quando as evidências são sempre difíceis de negar? O fanatismo ideológico e político, que o PSD exibe, tem, normalmente, um triste fim. Os candidatos a sucessor de Passos já se assumem publicamente, como Montenegro, por exemplo, mas este não pode esquecer que caucionou no Parlamento a política de austeridade. É mais do mesmo. E o próprio Rui Rio, outro candidato, e corroborando o que temos vindo a afirmar, diz que o partido está pior do que em novembro, o mês escolhido pelo ex-autarca para anunciar a disponibilidade de se candidatar. O PSD vai de mal a pior! E a punição nas urnas será exemplar.
A mudança de dono da TVI – a compra pela Alice não pressagia nada de bom, mas oxalá estejamos enganados – dá-nos o ensejo de refletir sobre a qualidade das nossas televisões. Infelizmente, e salvo uma ou outra exceção, o panorama é desolador. A obsessão pelos incêndios e tudo o que seja negativo ou trágico, mormente o crime, o baixo nível cultural dos seus programas, a maioria deles pimba, e a falta de rigor na informação, com critérios editoriais bastante discutíveis, chegando a sobrepor o futebol à política, levam-nos a afirmar que precisariam de uma revolução cultural. O primeiro-ministro diz, e bem, que o nosso maior défice é o do conhecimento. Mas o fraco nível das televisões e dos media em geral – não de todos, claro, embora houvesse quem tenha noticiado a saída de quatro ministros! – não ajuda a superar esse défice. Há uma verdade que deveria ser seguida: os intelectuais não têm de descer ao nível do povo, este é que deve subir ao nível dos intelectuais!