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FMI não acredita nos números do Governo

FMI não acredita nos números do Governo

O relatório do FMI que questiona a capacidade do Governo de atingir as metas do défice com que se comprometeu é “um aviso à maioria” de que o Fundo Monetário Internacional não acredita nos números do executivo, quer do défice, quer da devolução da sobretaxa, que têm vindo a ser defendidos com objetivos puramente eleitorais.

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FMI não acredita nos números do Governo

A posição do PS foi defendida ontem pelo deputado socialista e membro do secretariado nacional João Galamba, depois de ser conhecido o último relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), que alerta que as receitas de IRC e IRS podem ficar abaixo das metas para este ano e assim comprometer o objetivo do défice, caso não sejam aplicadas novas medidas de contenção de despesa.

“Leio este relatório como um aviso à maioria. Depois do longo romance do PSD/CDS com o FMI, e depois de várias provas de fidelidade do senhor primeiro-ministro ao FMI, quer antes das eleições de 2011, quer depois, parece que o FMI ficou agora surpreendido com o eleitoralismo do Governo e da maioria”, disse João Galamba.

Para o dirigente socialista, “o que o FMI vem dizer é que o Governo parou a estratégia que vinha seguindo e não acredita na maioria dos números que têm sido defendidos pelo Governo para efeitos puramente eleitorais, quer do défice, quer da devolução da sobretaxa”.

“O FMI não acredita nos números do Governo no défice e acha que o Governo está a ser demasiado otimista e que o défice não ficará abaixo dos 3%. O que é novo neste relatório é a atenção dada à devolução da sobretaxa e aos reembolsos do IVA”, sublinhou João Galamba.

O deputado considera, assim, que “o FMI parece agora juntar-se ao coro – à semelhança dos avisos da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) na semana passada e do PS – e não acredita na propaganda eleitoral do Governo”.

No relatório sobre a segunda missão de monitorização pós-programa, o FMI volta a afirmar, tal como tem feito nas últimas análises a Portugal, que existe um “risco tangível” de o país não cumprir o objetivo do défice orçamental inscrito pelo Governo no Orçamento do Estado deste ano, de 2,7% do PIB, “sem medidas adicionais de contenção de despesa”.

O Fundo apela ao Governo para que tenha “cautela” na reversão já prometida das medidas do lado da receita, alertando que pode ser preciso “adiar ou cancelar parcialmente” a eliminação da sobretaxa de IRS.

Baseando-se nos dados da execução orçamental até maio, o FMI afirma que “é provável” que as receitas do IRC e IRS “fiquem abaixo da meta orçamental”.

O FMI refere ainda que as receitas do IVA aumentaram nos primeiros cinco meses do ano, devido em parte à recuperação do consumo, “mas também devido a um abrandamento nos reembolsos”.