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Fechemos as Presidenciais

Fechemos as Presidenciais

Com o desfecho das Presidenciais encerra-se um longo capítulo de instabilidade na vida política nacional. Poderia ter sido bem gerido se, em devido tempo, o Presidente cessante tivesse calendarizado as eleições legislativas para altura que menos contaminasse as segundas e permitisse maior clarificação política. Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito e será o Presidente de todos os Portugueses. Não é um cheque em branco, mas uma base de confiança. Dele depende a continuidade deste estatuto que os Portugueses tanto apreciam, sobretudo em tempos de instabilidade económica, como foram os de passado recente e podem bem vir a ser os de futuro próximo.

Opinião de:

Fechemos as Presidenciais

Tudo se disse já sobre a posição institucional do PS. Pressionado pelo longo processo de certificação da maioria constitucional e surpreendido por uma candidatura surgida a meio caminho, certamente legítima, mas lida como facto consumado numa altura em que se iniciava o processo das legislativas, não foi consentido ao PS tomar partido entre qualquer delas. Costa recomendou que cada um se empenhasse na que preferisse. Jogo limpo. Nenhuma saiu vencedora, embora a diferença entre os sufrágios fosse muito elevada e desproporcionada. É certo que a esquerda perdeu a oportunidade de disputar uma segunda volta, mas não perdeu a guerra contra a desigualdade, a austeridade insensata e o sofrimento social transformado em arma ideológica.

À nossa esquerda as marcas divisivas entre parceiros nossos também se acentuaram e não faltará quem veja ameaças nos resultados. Ameaças de o Bloco exigir mais do que aquilo que o País pode consentir e ameaças de fuga em frente para o fixismo, da parte dos comunistas. Nada de mais errado. Não me parece que tais perigos existam; primeiro, por não estarmos em tempos de fechamento e luta fratricida, mas em tempos de abertura, após anos de chumbo; depois, porque nenhum benefício poderia resultar para o programa consensualizado, da geração artificial de novas exigências. A transparência com que o PS tem gerido os acordos, retira desconfianças e demonstra a impossibilidade de ruturas, quando tanto se espera ainda do consenso alcançado.

Vamos, pois, em frente, e cuidemos de governar bem, no mar proceloso que nos espera. Uma palavra final de declaração de interesses: fui desde há muitos meses apoiante de António Sampaio da Nóvoa e convidado em Dezembro para seu mandatário, aceitei com gosto e atuei em conformidade. Deste lado, a campanha foi escorreita, com escassos despiques iniciais com a de Maria de Belém Roseira, logo abandonados quando passou a ser reconhecido como necessário que ela fixasse eleitores de esquerda e do centro. Uma gestão nem sempre feliz da sua campanha, a perda inesperada do nosso querido Almeida Santos, seu apoiante destacado e o populismo infrene desencadeado pelo episódio das subvenções vitalícias, tornaram-lhe a vida difícil. Pela parte que me toca, não me regozijo com a sua injusta votação e creio que apesar do que atrás disse sobre a oportunidade da hora a que surgiu, creio que todo o PS a acolherá com a solidariedade que é nosso timbre.