Europa precisa de acordo histórico para enfrentar crise dos refugiados
À margem da sessão de abertura do Seminário Diplomático, em Lisboa, em que foi o orador convidado, Guterres defendeu a necessidade de “uma ação concertada de todos os Estados europeus que aproveite o inverno para um acordo de fundo com os países do Médio Oriente, nomeadamente a Turquia, a Jordânia e o Líbano, que permita um movimento organizado que substitua esta tragédia no Mediterrâneo Oriental e o caos nos Balcãs”.
“Se não houver o empenhamento solidário na Europa na construção desse acordo histórico com os países de primeiro refúgio do Médio Oriente, temo que o sistema de asilo europeu possa colapsar este ano e isso seria uma tragédia de proporções indescritíveis”, avisou Guterres.
O antigo primeiro-ministro português criticou depois o que disse ser “uma epidemia” na Europa, quando se assiste a “uma multiplicação de atos individuais de países europeus, com políticas cada vez mais restritivas, cada um procurando ser mais restritivo que o vizinho, para ver se os refugiados vão para o vizinho em vez de irem para o país que toma estas medidas”, como os casos recentes da Dinamarca e Suécia.
E lamentou o que disse ser a “profunda desunião” dos países europeus na resposta à crise dos refugiados, até porque a falta de resposta da UE tem permitido que sejam “traficantes e contrabandistas” a controlar o movimento migratório em direção à Europa.
António Guterres sustentou de seguida que é necessária “uma capacidade maciça de receção à entrada, fazer o registo de todos, fazer a verificação de segurança de todos e depois distribuí-los por todos os países europeus”.
Considerando que a crise migratória “seria perfeitamente gerível se a Europa se unisse e se organizasse, de uma forma solidária, repartindo a responsabilidade em termos justos pelos diferentes países europeus”, Guterres concluiu que este é um “momento decisivo” para o futuro da União Europeia.