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Europa deve caminhar para mais integração com mais convergência

Europa deve caminhar para mais integração com mais convergência

Sente-se que existe uma nova energia na União Europeia que deve ser aproveitada para avançar com novas políticas de integração, defendeu António Costa em Davos, no Fórum Económico Mundial que hoje termina na Suíça.

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Europa deve caminhar para mais integração com mais convergência

O primeiro-ministro defendeu ontem no Fórum Económico Mundial, que a Europa tem de estar aberta a uma “geometria variável”, sem deixar todavia, como aludiu, de olhar também para a necessária convergência.

António Costa falava em Davos, na Suíça, numa conferência integrada no Fórum Económico Mundial, em que também participaram a comissária europeia para o comércio, a sueca Cecilia Malmstrom e os primeiros-ministros da Holanda, Mark Rutte e da Irlanda, Leo Varadkar, respetivamente, defendendo que a União Europeia está hoje “melhor preparada” para avançar com políticas de maior integração, realçando que se há lição que se deve retirar do Brexit é que a “vontade dos povos nunca pode ser secundarizada”.

Neste sentido, o primeiro-ministro português sustentou que cada Estado-membro deve ter uma “margem de liberdade” dentro da União Europeia para poder ajustar, segundo as suas disponibilidades e conveniências, as políticas de integração, o que não implica, como defendeu, que uma minoria de Estados-membros tenha a prerrogativa de poder impedir que outros avancem em termos desse processo, admitindo, contudo, a existência de uma Europa com “geometria variável”.

Um cenário que em sua opinião “já existe”, apesar de tudo, na União Europeia, “quer com Schengen, quer com a zona euro”, lembrando que a última crise financeira internacional “atacou os países de forma diferente”, pelo que foi também necessário, como salientou, que cada um dos países tivesse reagido e “adaptado medidas diferentes”.

Atingir os mesmos fins

A este propósito, António Costa, depois de defender que o fator de convergência “é o único que pode garantir sustentabilidade à política monetária da zona euro”, lembrou que o Governo que lidera teve a liberdade de poder “escolher políticas diferentes para atingir os mesmos objetivos”, e com isso, ter conseguido que Portugal tivesse saído do Procedimento por Défice Excessivo e baixado o défice das suas contas públicas.

Alertando que a União Europeia tem de saber responder às principais preocupações manifestadas pelos cidadãos, António Costa lembrou que há matérias em que é impossível que se obtenham bons resultados se cada um dos países “estiver por si”, dando os exemplos do “combate ao terrorismo, a política de migrações ou a resposta às alterações climáticas”, para além, como acrescentou, de haver a necessidade de uma verdadeira “união de esforços” capaz de reforçar a “cooperação policial e a cooperação entre as autoridades judiciárias e ainda na Defesa”, problemáticas que em sua opinião, só terão êxito “se houver de facto convergência”, entre os vários Estados-membros da União Europeia.

Acordo entre a UE e Mercosul

O primeiro-ministro português referiu-se ainda ao acordo entre a União Europeia e os países da América do Sul que fazem parte do Mercosul, pedindo mais empenhamento para a conclusão nas próximas semanas de um acordo que terá um impacto económico “dez vezes superior” ao que foi assinado com o Canadá. 

Numa altura em que a administração norte-americana, liderada pelo presidente Donald Trump, dá claras mostras de querer desinvestir do comércio internacional e discute se “mantêm ou não o acordo da NAFTA”, lembrou o chefe do Executivo português, é fundamental que a União Europeia perceba que tem à sua frente uma “oportunidade única” para reforçar a relação transatlântica com países como o Brasil ou a Argentina, que têm sido “tradicionalmente parceiros da Europa”.

Segundo o primeiro-ministro, este acordo que está em preparação entre a UE e o Mercosul, terá um impacto económico relevante para o conjunto das empresas da União Europeia, designadamente, como referiu, ao nível da criação do emprego, de uma dimensão “muito superior a todos os acordos negociados até agora”.