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Estratégia de prevenção e combate aos incêndios tem de envolver o empenho de toda a sociedade

Estratégia de prevenção e combate aos incêndios tem de envolver o empenho de toda a sociedade

A estratégia de combate aos incêndios rurais, delineada para o país e que será testada ao longo dos próximos 10 anos, exige de toda a sociedade um grande empenhamento e uma participação ativa, defendeu ontem António Costa, em Santarém.

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Estratégia de prevenção e combate aos incêndios tem de envolver o empenho de toda a sociedade

O primeiro-ministro foi a Santarém, no encerramento da discussão pública do Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, iniciativa que decorreu na Escola Superior Agrária, sublinhar que toda a estratégia montada no combate aos incêndios rurais “exige um trabalho coletivo”, que em nenhum caso dispensa a participação e colaboração de toda a sociedade, de modo a que seja executada de forma “disciplinada, consequente e persistente”.

Um plano, como lembrou o primeiro-ministro, que terá agora de ser testado ao longo dos próximos 10 anos, período no qual, como concedeu, “iremos certamente ter muito más notícias nos telejornais”, o que “nos colocará a todos” perante o dilema de ter de “resistir a cada uma dessas notícias”, continuando e persistindo de forma “disciplinada e consequente na execução dessa estratégia”. Ou então, apontou, aquilo que “nós acabaremos por entregar no final não serão boas notícias para a década seguinte, mas piores notícias ainda”. 

Enfrentar de forma eficaz o problema dos fogos rurais, na opinião do primeiro-ministro, não se resolve com queixas do “bombeiro que não chegou ou do meio aéreo que não veio”, nem tão pouco apontando o dedo acusador a um ministro ou ao comandante nacional, porque este é um fenómeno que implica e exige “um trabalho coletivo de toda a sociedade”, agindo sobre “todo o território e sobre os comportamentos”, não descurando a permanente prevenção, melhorando a “organização de proteção e os meios de socorro”. Defendendo António Costa, a este propósito, que se uma equipa não marca golos a culpa não pode ser atribuída ao guarda-redes, “porque ele só lá está para evitar que uma equipa sofra golos e não para os marcar”.

Uma metáfora a que o primeiro-ministro recorreu para lembrar que os agentes de proteção civil “são mesmo apenas os guarda-redes” em todo este processo, salientando António Costa que, quem tem de fazer de ponta de lança, de médio ou de defesa, “somos todos nós”, a quem compete velar pela boa execução da estratégia.

António Costa lembrou ainda que este encontro de Santarém serviu sobretudo para “terminar a fase de discussão do plano”, sendo agora necessário avançar para a construção de um programa de ação, salientando que as boas notícias relativas a 2018 e 2019, “com a redução do número de ignições em cerca de menos 47% e da área ardida em menos 69%”, quando comparados com o período 2008/2017, “não podem levar a sociedade a baixar a atenção”. 

Alterações climáticas

Para lá dos planos e das estratégias que estão a ser gizadas e que vão ser testadas ao longo da próxima década no combate aos incêndios rurais, medidas e iniciativas que terão mais ou menos êxito, dependendo da competência e do empenho, não só do Governo e das entidades envolvidas, mas também do conjunto da sociedade, há ainda que contar, como recordou o primeiro-ministro, com o contingente fator das alterações climáticas, matéria sobre a qual todos os estudos, como referiu, apontam para uma subida do risco de incêndio “seis vezes por cada grau que a temperatura aumente”, um cenário que para António Costa exige uma acrescida prevenção e um apoio claro ao plano que está a ser elaborado pelas várias entidades envolvidas, ponto que é “absolutamente crucial e estratégico”.

Já na parte final da sua intervenção, o primeiro-ministro voltou a avisar que é inimaginável que o país volte a ter um ano como o de 2017 em matéria de incêndios rurais, defendendo que prevenir e aumentar a prevenção em todo o território é a solução para que não se repita a tragédia de há dois anos e meio.

Para levar a cabo esta missão, António Costa recordou que o Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, com um orçamento global superior a seis mil milhões de euros e que prevê direcionar 60% do investimento para a prevenção e 40% para o combate, com o propósito de “reduzir para metade a área ardida”, tem “grandes orientações estratégicas”, nomeadamente ao valorizar os espaços rurais e a reconstrução da paisagem, pretendendo ainda ajudar, como também salientou o primeiro-ministro, a “modificar comportamentos e a gerir de forma eficiente o risco” de incêndios.