Este Governo perdeu a memória
Sempre que um qualquer membro deste Governo ensaia publicamente um autoelogio às suas políticas, inevitavelmente tropeça na realidade fria dos números.
Não há uma única medida, das poucas melhoras sentidas na economia, de que este Governo se possa gabar como tendo origem em iniciativas suas.
Se o poder de compra melhorou um pouco em Portugal, deve-se em exclusivo a uma decisão do Tribunal Constitucional que, contra o que o Governo tinha determinado e executado, mandou repor os vencimentos dos funcionários públicos. A isto junta-se uma desvalorização acentuada do euro em relação ao dólar, o barril do petróleo a preços que já não se viam há algumas décadas e a compra pelo Banco Central Europeu de dívida pública.
A este propósito, António Costa insistiu na necessidade de descodificar os recentes números divulgados pelo Banco de Portugal, que este Governo, como lembrou, injustificadamente anda a “festejar muito”, mas que na prática vêm demonstrar o “fracasso” que foi a política nos últimos quatro anos da coligação de direita.
Socorrendo-se da análise do Banco de Portugal, o Secretário-geral do PS salientou que se tudo corresse como o Governo desejava, em 2017 a economia portuguesa “estaria ao nível de 2008”, o que demonstra bem “o quanto andámos para trás”.
Só com verdadeiras políticas que apostem na mudança, defendeu o líder socialista, será possível “ajudar a relançar a economia, criar emprego e chegar a 2017 com níveis de crescimento da economia superiores àqueles que assentam na previsão do Banco de Portugal”, afirmou.
Emprego é também condição do desenvolvimento agrícola
Referindo-se “ao enorme esforço” que os agricultores portugueses estão a fazer, de investimento na sua produção, António Costa disse que sem consumidores esse esforço de pouco valerá, reafirmando que estes consumidores “precisam de rendimento”, sendo para isso determinante, “tal como o PS tem vindo a reivindicar”, que a “grande meta” para os próximos anos seja “emprego, emprego e emprego”.
Porque o emprego, como sustentou, “é condição de tudo e também do desenvolvimento da nossa agricultura”.
Defendeu que é possível atingir a autossuficiência alimentar em Portugal no espaço de duas legislaturas (oito anos), deixando este compromisso junto dos agricultores e produtores presentes.
Para António Costa este desiderato só será contudo alcançável desde que o país consiga articular uma aposta séria na grande agricultura competitiva, para a qual é necessário, como disse, “acelerar a execução dos fundos comunitários” e investir no programa de regadio, melhorando a sua capacidade exploradora, não esquecendo, por outro lado, a pequena agricultura, sector importante para a “fixação e criação de valores nos territórios de baixa densidade” e a valorização do “enorme potencial da floresta portuguesa”.
Emigração de 400 mil portugueses não é um “mito urbano”
Quando ao facto de Passos Coelhos ter afirmado que nunca mandou ninguém emigrar e que isso “não passava de mais um mito urbano”, o líder socialista garantiu que também sobre esta matéria o primeiro-ministro anda com falta de memória.
“Infelizmente esta foi uma realidade para mais de 400 mil portugueses”, garantiu António Costa, lembrando que só em 2013 emigraram tantos portugueses como os que o tinham feito em 1965, sendo preciso andar 50 anos para trás para “termos um ano em que essa realidade terrível tenha ocorrido”.