“Estamos, evidentemente, perante uma matriz de irresponsabilidade política consecutiva”, afirmou José Luís Carneiro, sublinhando que “os números se degradaram” e que “o Governo mostra que não tem capacidade reformista”.
Questionado sobre o eventual pacto de regime para a Saúde – uma proposta recentemente avançada pelo Presidente da República –, José Luís Carneiro destacou a importância do “diálogo e cooperação entre forças políticas”, mas sem desresponsabilizar o executivo de Luís Montenegro.
“Entendo que é desejável que, em matérias estruturantes para a vida do país, haja diálogo e cooperação, mas isto não significa que o Governo não deva assumir as suas responsabilidades. Prometeram soluções em 100 dias e, na Saúde, houve falhas muito graves”, atirou.
De seguida, reafirmou a visão socialista para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), sublinhando a necessidade de o manter como “o esteio da prestação de cuidados de saúde”, tanto nos cuidados primários como hospitalares, em articulação com o setor social e privado.
“Para garantir a sustentabilidade do SNS é fundamental capacitar os cuidados primários, reforçar a prevenção e o apoio domiciliário e, onde se revele sustentável, assegurar a presença de especialidades médicas que permitam reduzir a pressão sobre as urgências hospitalares”, explicou.
O líder do PS defendeu ainda “maior autonomia administrativa e financeira das unidades locais de saúde”, recordando que “as dificuldades detetadas durante a pandemia da Covid-19 mostraram a importância de reforçar essa capacidade de resposta”.
Criticou assim as opções tomadas pelo Governo na gestão das urgências hospitalares, considerando-as “o melhor exemplo do falhanço na Saúde” e recordando ter apresentado, em julho passado, uma proposta concreta.
Propostas socialistas continuam sem resposta
“Sugeri a criação de uma unidade de coordenação da emergência, como já existe no Reino Unido, em Espanha e em França. Até hoje, não houve qualquer resposta nem do ministério da Saúde, nem do primeiro-ministro”, referiu
José Luís Carneiro lamentou também a ausência de planeamento na contratação de profissionais, vincando que “a questão dos tarefeiros é falta de planeamento”, para logo assinalar a persistente “falta de articulação entre a Segurança Social e a Saúde”, o que, frisou, “mantém idosos em situação de altas problemáticas nos hospitais, por falta de uma retaguarda social adequada”.
O Secretário-Geral criticou ainda a “grave falha na autonomia e responsabilidade das administrações hospitalares”, deplorando que o Governo da AD tenha optado por “decapitar uma estrutura executiva no SNS sem antes avaliar a reforma que estava em curso”.
Em tom mais político, sublinhou a necessidade de o primeiro-ministro “avaliar o que tem funcionado mal, parar, escutar a oposição e planear o trabalho político”, acrescentando que “a tudo isso se tem recusado”.
“O primeiro-ministro precisa de parar e escutar para depois agir”, reafirmou.
Quanto à situação na Educação, José Luís Carneiro afirmou que a falta de professores “exige respostas multidimensionais” e políticas que “garantam a atratividade da atividade docente”, lamentando “a leviandade com que os que agora são Governo trataram estes assuntos quando estavam na oposição”.
“Quem prometeu soluções simples foi o atual primeiro-ministro”, concluiu.