“Esta crise é evitável, esta crise não deve acontecer”
José Sócrates disse hoje que o PSD quer causar uma crise política que vai “empurrar o país para o FMI” e, na resposta, o líder parlamentar social democrata acusou-o de esconder um pedido de ajuda externa.
Durante o debate quinzenal no Parlamento, José Sócrates, alegou que o PSD estava a contar que viesse o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou com dados negativos da execução orçamental para “causar uma crise”.
“O PSD, não tendo a desculpa do FMI, não tendo a desculpa da execução orçamental, agarra-se agora a esta desculpa sobre o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) para provocar uma crise. E os senhores, se decidirem por uma crise, ficarão responsáveis pelo prejuízo que daí advirá para o país, e um prejuízo sério”, acrescentou.
Segundo José Sócrates, “não aceitar negociar com o Governo este PEC, não dando condições ao Governo para defender os interesses do país em Bruxelas, significará obrigar o país a recorrer a ajuda externa” e “empurrar o país para os braços do FMI”.
José Sócrates apelou ainda, aos deputados da oposição para que “pensem duas vezes” antes de aprovarem uma resolução contra o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), porque isso significará que Portugal romperá o compromisso da consolidação orçamental.
“Os deputados devem pensar duas vezes antes de fazerem aquilo que alguns dizem que vão fazer. O meu dever è apelar a essa responsabilidade, porque uma votação expressa aqui, no Parlamento, contra o PEC, isso significa que o país não se quer comprometer com uma redução orçamental nos próximos anos. Isso será uma aventura perigosa e terá consequências”, disse Sócrates.
“Quando o líder do PSD declara que está disponível para governar com o FMI, digo que farei tudo para evitar o FMI. Se os senhores [deputados do PSD] abrirem uma crise estão a ser responsáveis por isso”, disse.
“É absolutamente indecoroso que o PSD considere que o facto de o Governo ter obtido a confiança dos seus pares e das instituições europeias signifique já uma ajuda externa”, afirmou José Sócrates.
“Pelo contrário, isso foi uma vitória de Portugal, uma vitória que os senhores [do PSD] tentaram menorizar, tentaram destruir e com isso não atacaram apenas o Governo, atacaram o vosso país de forma injustificada”, disse, recebendo palmas da bancada socialista.
Neste discurso, Sócrates acusou o PSD de estar “sem argumentos” no objetivo de criar uma crise política, entrando “numa degradação da linguagem política”, e de tentar “ensaiar um notável pirueta política”, procurando responsabilizar o Governo por uma eventual crise política.
“Esta crise é evitável, esta crise não deve acontecer”, declarou Sócrates.José Sócrates recusou ter posto em causa deveres de cooperação institucional para com o Presidente da República e afirmou que agiu da mesma forma sempre que apresentou “linhas de orientação” sobre o Programa de Estabilidade e Crescimento.
“Em seis anos de primeiro-ministro nunca pus em causa nenhuns deveres de cooperação institucional. Eu nunca revelei, nem revelo conversas com o senhor Presidente da República. Eu não faço isso. Quero garantir que o Governo procedeu em matéria de Programa de Estabilidade e Crescimento exatamente da mesma forma como procedeu das outras vezes quando teve que apresentar, não o PEC propriamente dito, mas as linhas de orientação e as principais medidas”, afirmou José Sócrates.