Escola e empresas juntas no combate à segregação profissional
Na ocasião, Eduardo Cabrita adiantou que o Governo terá para breve “uma lei sobre disparidades salariais, que são disparidades indiretas e que afetam sobretudo as mulheres mais qualificadas”.
Segundo o ministro, “à medida que a qualificação aumenta, a disparidade também aumenta”, num país em que a diferença salarial ronda os 25%, para os casos de mulheres com formação superior, ao passo que a média nacional se fica pelos 18%.
Com o novo projeto-piloto de dessegregação das escolhas profissionais o Executivo liderado por António Costa quer agir na identificação dos fatores não escritos, decorrentes de estereótipos de género, presentes nas práticas das organizações.
“Há pouquíssimos exemplos de países com legislação deste tipo”, apontou Eduardo Cabrita, acrescentando que a Alemanha e a Islândia “fizeram caminhos nesse sentido”.
E, pontualizou, “o Governo pretende trabalhar com as empresas sobre o fenómeno das disparidades salariais”.
Refira-se que o projeto “Engenheiras por um Dia” resulta de uma parceria com o Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade de Lisboa, a Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres e 10 escolas ou agrupamentos escolares, a que aderiram a IBM Portugal, a Siemens e a Microsoft Portugal como entidades patrocinadoras.
Cinco frentes de batalha
Enquadrado na Agenda para a Igualdade no Mercado de Trabalho e nas Empresas que o Governo tem vindo a discutir com a Concertação Social, o projeto é assente em cinco pilares: paridade nos cargos de decisão (já em vigor), segregação ocupacional (nas profissões), disparidades salariais, parentalidade e conciliação da vida pessoal, familiar e profissional
As destinatárias desta iniciativa do Governo socialista são as alunas do ensino secundário (10.º e 11.º anos, da área de Ciências e Tecnologias) e as alunas do 3.º ciclo do ensino básico (a inscreverem-se em cursos profissionais).
Em cada escola onde decorrerá esta experiência, haverá um conjunto de desafios propostos pelo IST e dinamizados por uma equipa de alunas do Instituto.
Ao longo do ano, cada escola desenvolverá o seu projeto através das atividades mais adequadas à sua comunidade.
As escolas poderão ainda desenvolver atividades com as autarquias, universidades e institutos politécnicos ou centros tecnológicos do seu território, empresas ou Organizações Não Governamentais, de forma a potenciar a discussão sobre a segregação das profissões devido ao sexo ou a participação das mulheres nas engenharias e tecnologias.