Emprego será a causa das causas
“O emprego é a causa das causas, é a agenda inadiável”, afirmou António Costa, logo no início da sua intervenção, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, altura em que frisou que “quem não tem emprego fica à margem da sociedade e quem está à margem da sociedade não pode participar ativamente com liberdade, democraticamente, nas escolhas do futuro do país”.
O líder socialista fez questão de explicar que “o emprego é também a questão essencial de confiança e, por isso, temos de parar com estes quatro anos de sobressalto, interrompendo a ação deste Governo”,
Lembrou de seguida que “o emprego é a questão central também para os jovens que emigraram, para os estudantes e para as suas famílias, na questão da natalidade, assim como para aqueles que já estão reformados e que dependem do número daqueles que estão na vida ativa”.
“O emprego é ainda a questão essencial para as empresas, porque, sem aumento de emprego, não há aumento da procura”, referiu, clarificando que, embora o emprego não se decrete, “há políticas que favorecem e outras que geram a destruição de empresas e emprego”.
Na sua intervenção, o Secretário-geral do PS criticou o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, por confundir economia com contabilidade, conduzindo Portugal a uma “brutal recessão”.
E responsabilizou o Executivo Passos/Portas por ter alimentado uma “guerra de gerações”, defendendo que “em Portugal ninguém está a mais” e propondo “um contrato de gerações que permita distribuir a carga de trabalho ao longo da vida”.
Que pena o primeiro-ministro nunca ter sido autarca
De seguida, lamentou que Pedro Passos Coelho nunca tenha sido autarca, porque “assim saberia que não poderia agora repetir promessas não cumpridas”.
Num discurso em que defendeu a política de proximidade face aos cidadãos e no qual demonstrou a solidez e o caráter participado em todo o território nacional que teve a elaboração do programa eleitoral do PS, António Costa sustentou que “não estamos aqui com promessas em segunda mão nem com linhas genéricas de um programa”.
Recordou depois que a proposta aprovada, e que o partido apresentará aos portugueses em outubro, foi elaborada ” tendo ouvido todos e tomando todos em conta”.
“Aprendemos isso quando somos autarcas, aprendemos a necessidade de estarmos próximos, de darmos a cara, ouvindo as queixas que nos são apresentadas. É isto que é preciso na política, recuperar a proximidade e sabermos ouvir os cidadãos”, declarou.
Um caminho diferente para o país
Evocando os “Estados Gerais” de António Guterres, em 1995, e as políticas que foram introduzidas em Portugal, António Costa vincou que agora também os socialistas protagonizam um caminho diferente para o país.
“Recuo estes 20 anos e olho para os compromissos que aqui assumimos, como o combate à pobreza com o rendimento mínimo garantido, a generalização do ensino pré-escolar, ou o sonho do [antigo ministro] Mariano Gago de dotar Portugal de uma política científica. Vinte anos depois, digo que valeu a pena e vale a pena estarmos cá hoje outra vez – e vale a pena porque saímos daqui com uma agenda estratégica, com as contas certas desenhadas no cenário macroeconómico e com um programa eleitoral que foi debatido, participado e votado, que é o nosso compromisso”, disse, concluindo que o PS representa “uma alternativa de confiança”.,
Uma “alternativa, porque queremos e vamos fazer diferente, de confiança, porque queremos e vamos fazer melhor”, rematou.