EMPOBRECIMENTO, DESEMPREGO E EMIGRAÇÃO
Os portugueses têm menos qualidade de vida. Ganham menos, trabalham mais tempo e correm risco de despedimento, segundo a OCDE, no seu relatório anual sobre a qualidade de vida nos países desenvolvidos.
Ao longo dos quatro anos de austeridade expansionista para além do acordado com a troica, o número de portugueses empregados baixou de 4,898 milhões para 4,5 milhões. Perderam-se 398 mil empregos, sem contar com os portugueses que desistiram de procurar emprego e os estágios para maquilhar estatísticas. E a precariedade não parou de aumentar. Há 700 mil pessoas com contratos a prazo. Vidas a prazo. A estes somam-se 128 mil que passam recibos verdes, elevando para 826,7 mil o universo de pessoas com vínculo precário.
Sem emprego e convidados a sair do país pelo primeiro-ministro, 485 mil portugueses, na sua maioria jovens qualificados, emigraram.
Fruto do colossal aumento de impostos sobre os trabalhadores e cortes nas pensões, nos últimos quatro anos, 75% dos portugueses perderam rendimento e metade das famílias portuguesas com filhos menores sobrevive com menos de mil euros por mês, segundo o mais recente estudo da Associação para a Defesa dos Direitos do Consumidor (Deco).
Só no último ano, um quinto dos portugueses sentiu necessidade de pedir ajuda para enfrentar problemas financeiros, uma situação verificável a partir dos pedidos de apoio que diariamente chegam à associação.
Pobreza infantil
A tragédia social que se abateu no país é bem espelhada no Inquérito às Condições de Vida e Rendimento do INE, onde se refere que há mais portugueses em risco de pobreza, sendo as crianças o grupo etário onde o nível de pobreza é mais elevado, assistindo-se ainda a uma forte desigualdade na distribuição de rendimentos, com o fosso entre ricos e pobres a aumentar.
Também na saúde e na educação, dois pilares fundamentais do Estado Social, o legado da direita é devastador. Na educação, que sofreu cortes brutais no seu orçamento, o Governo deixou o serviço público de educação degradar-se, ao reduzir a aposta na escola pública e transferindo recursos para o sector privado.
Também na saúde o Governo fracassou. Degradou-se o Serviço Nacional de Saúde. Nunca os portugueses pagaram tanto pela saúde, já que 32% da despesa em saúde é agora paga pelas famílias. Houve restrições orçamentais sem critério que tiveram como consequência caos nas urgências, rotura nos hospitais, aumentaram as listas de espera em cirurgia, particularmente em oncologia, e assistiu-se a uma saída em massa de médicos e enfermeiros.
Mas toda esta política de austeridade tinha como objetivo, nas palavras do Governo, reduzir o défice e a dívida pública.
Mas tal não aconteceu. O défice é de 7,2% do PIB, quando o acordado era de 1,8%. Já a dívida pública registada está num valor astronómico de 130,2%, quando a meta acordada era de 105%. Um falhanço em toda a linha. Os sacrifícios dos portugueses, em especial os de mais baixos rendimentos, foram em vão.