Emigração não para de aumentar
Se a demagogia do Governo contribuísse para baixar a dívida e o défice, Portugal há muito que já teria encontrado o caminho para o equilíbrio das suas contas públicas.
O ministro Poiares Maduro foi à comissão parlamentar para a Ética, a Cidadania e a Comunicação fazer um puro exercício de ilusionismo ao pretender separar os números da emigração entre a temporária, sobretudo de jovens que recorrem ao programa Erasmus, e a permanente.
O PS, pela voz do deputado Miguel Laranjeiro, acusou o Governo e o ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional de não quererem enfrentar os factos e de tentarem desvalorizar os números reais da verdadeira tragédia que representa para Portugal a emigração.
Lembrou a este propósito que a taxa e crescimento da emigração, entre 2004 e 2007, foi de 9%, enquanto entre 2010 e 2013 foi de 16%, lamentando não haver nenhum sinal de abrandamento nesta sangria. Acusou por isso o Governo de o convite à emigração ser uma parte importante do seu programa.
A emigração para o Governo “rima com prazer, com vontade, com programa Erasmus, com conforto, com valorização e com demagogia”, disse o deputado socialista, enquanto para os portugueses e para o PS “rima com indignação, com consternação e com frustração”.
Assobiar para o lado, como faz o Governo, disse Miguel Laranjeiro, tentando enganar os portugueses, falando em emigração temporária e permanente, não só não consegue desmentir a realidade, como não esconde a tragédia para centenas de milhares de portugueses que se viram obrigados a procurar no estrangeiro a sua sobrevivência financeira. “Não partiram para fazer turismo”, realçou o deputado do PS, mas para “poderem melhorar as suas vidas e a das suas famílias”.
Acusou por isso o Governo de tentar “pôr tudo no mesmo saco”, programa Erasmus e emigração por questões económicas, e de ter um discurso insensível.
Miguel Laranjeiro lembrou as centenas de jovens que são vistos diariamente nos aeroportos a sair do país e a “sair da sua zona de conforto” para sobreviverem e não para fazer turismo.
Também a deputada socialista Inês Medeiros acusou o Governo de ter um discurso sobre a emigração no “mínimo insultuoso” para os muitos milhares de jovens que, depois de terem feito o programa Erasmus, se viram obrigados e emigrar “não por gosto ou aventura, mas por absoluta necessidade de sobrevivência financeira”.