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“Em Abril mora a esperança e o sonho do tudo ser possível”

“Em Abril mora a esperança e o sonho do tudo ser possível”

O deputado do PS Alberto Martins homenageou, durante a sessão solene comemorativa do 43º aniversário do 25 de abril, no Parlamento, Mário Soares, que fez “da liberdade sua bandeira”, e Salgueiro Maia, que foi “o rosto e a esperança de um povo” numa altura em que o país era vigiado por uma polícia política que “censurou e perseguiu pelo medo, que assassinou centenas de portugueses, encurralou e torturou anos a fio milhares de homens e mulheres”.

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“Em Abril mora a esperança e o sonho do tudo ser possível”

“Ao evocarmos o 25 de abril, temos de o situar como o tempo e lugar da fundação do Estado democrático, em que Portugal se assume como República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e se propõe alcançar uma sociedade livre, justa e solidária”, sublinhou o parlamentar, explicando que se iniciou, então, “uma rutura histórica com um país social e economicamente subdesenvolvido, afirmámo-nos na garantia dos direitos políticos, sociais, culturais e ambientais, no acesso aos cuidados de saúde, educação e proteção social, cultura como âncoras da realização indissociável da liberdade e igualdade de todos os cidadãos”.

Lembrando que “abril é um dia e um lugar fantástico onde mora a esperança e o sonho do tudo ser possível”, Alberto Martins deixou alguns desafios que ainda nos falta alcançar: “A procura de um verdadeiro desenvolvimento sustentável alicerçado pela inovação, pelo conhecimento, pela qualificação, pelo equilíbrio ambiental, na coesão e equidade territoriais, no combate à pobreza e ao desemprego, à exclusão, designadamente dos imigrantes, à precarização do trabalho, em mais igualdade de oportunidades para mulheres e homens, no combate às desigualdades, na valorização do espaço de cooperação internacional e do lugar da cultura e da língua portuguesa”.

Não menos importante é assumirmos “o nosso lugar na União Europeia”, de pleno direito e em igualdade, apontou. O deputado socialista relembrou a fase de crise europeia, em que reinaram “as políticas austeritárias” e a “estreita disciplina orçamental”, que provocaram “recessão e degradação social, e os consequentes sacrifícios que atingiram sobretudo os mais pobres e excluídos e geraram uma insidiosa situação de incerteza, desesperança e chocantes desigualdades sociais”.

“Ora, a saída da crise económica, social e ecológica exige uma União Europeia mais democrática, mais transparente, subordinando o poder económico ao poder político, e que se oponha ao domínio opaco da especulação financeira sobre os Estados e as instituições”, alertou Alberto Martins, exigindo ainda que a coesão social regresse ao centro das políticas europeias, de modo a que exista uma “viragem capaz de suster o declínio do projeto europeu que o abandono da solidariedade significou”.

Mário Soares “cruzou a sua vida com o destino da pátria”

Alberto Martins deixou, em jeito de homenagem, a sua gratidão a Mário Soares, que este ano nos deixou”, e que fez “da liberdade sua bandeira, quer na resistência à ditadura, quer na fundação do regime democrático do 25 de abril. Um homem que cruzou a sua vida com o destino da pátria”.

O deputado do PS evocou, ainda, a imagem de Salgueiro Maia, “um jovem oficial do Exército à frente de um tanque, envolvido pela multidão, a percorrer, a partir do Chiado, todas as ruas de um país”. “Salgueiro Maia foi, então, o mensageiro da liberdade e, nesse momento, o rosto e a esperança de um povo”, ressalvou.

“A nossa gratidão imperecível aos heroicos capitães de abril que, com o risco da própria vida, fundaram o nosso futuro e a nossa democracia”, declarou Alberto Martins.

O parlamentar socialista avisou que, “para que abril não seja uma efeméride ritualista, é nosso dever relacionarmo-nos com o futuro de modo estratégico, recusando o conformismo neste tempo ameaçador de incertezas”. “Por isso, o nosso caminho, em Portugal e a nível planetário, só pode ser o de retomar os grandes valores universais da paz, da liberdade igual, do respeito absoluto pela dignidade humana, pelo sentimento de fraternidade, do combate sem tréguas às disfunções sociais da pobreza, da exclusão e das desigualdades, pela inspiração ética da política, pela perceção de que o equilíbrio ecológico é um imperativo vital para as gerações futuras e para a própria sobrevivência coletiva”, defendeu.