Editorial | Diretor por um dia
Surge em tempo de vírus o 6º ano do Ação Socialista Digital (ASD). Comemora-se a saída de uma crise, em plena nova crise. Seis anos inovadores para públicos antigos e modernos, intergeracionais e interclassistas, como sempre foi o PS. Os tempos recomendam aprender com as críticas, resistir às agressões e reconstruir a esperança.
Aprender com as críticas implica recusar tentações: como, p.ex. blasfemar contra o confinamento que estiola, criticar o sensacionalismo mediático, refutar as acusações de falta de planeamento sem o produzir, atirar aos olhos dos outros as boas sondagens quando se sabe poderem ser fugazes, descansar na falta de líderes da oposição. A mais frequente tentação repete-se todos os dias, consiste em criticar os media por ser mais fácil matar o mensageiro que ganhar a batalha que nos derrota.
Resistir às agressões só se consegue guardando tempo para pensar e não apenas reagir. Poupar nas palavras para gastar nas ações. Temperar o tom. Evitar “colapsos”, “arrasamentos”, “descontroles”, mas também poupar em atitudes encantatórias de “conciliação”, “consenso”, “sintonia” quando os tempos são de confronto acidulado pelo fechamento, humilhação fácil, demissão categórica. A vocalidade da linguagem impressionista é sempre proporcional à ausência de razão. Mas o silêncio envergonhado anda próximo da mentira. Todos os dias se continuará a ouvir e escrever que “o governo não ouve os cientistas” (quais são os bons, quais são os maus?) que “o desconfinamento no Natal foi desastroso”, apesar de tão consensual, que “faltou planeamento” e que “não há um plano oficial de desconfinamento”, apenas um é conhecido e apócrifo. Siga-se em frente!
Reconstruir a esperança parece natural e fácil. Não é. Tal como os internados saídos das UCI, o País perdeu massa muscular, levará meses a recuperar olfato e paladar políticos, carece de energia para novas caminhadas. Premiar o esforço, recompensar o sofrimento, louvar o sacrifício é tarefa primeira. Reconhecer insuficiências e erros exige humildade e vontade de corrigir. Aprender com omissões e erros passados será imperioso e impõe que se agradeçam as sugestões, boas, menos boas e irrelevantes. Operacionalizar a recuperação com diversificados calendários, modalidades e geografias será um truísmo, mas convém lembrar.
Outras crises virão, espera-se que menores. Serão tão difíceis de prever e prevenir como as anteriores, talvez mais fáceis de combater, foi aí que nos especializámos. Será tão natural que uns exijam calendários impossíveis, como outros sejam relutantes em os publicar. Evitar o confronto entre previsão e realidade acaba sempre desfavorável para quem rege.
O equilíbrio entre ditames de Saúde e Economia continuará entre nós nos tempos mais próximos. Consertados os barcos depois da tempestade, nem sempre se navega em bonança, mas aprendeu-se a marear.