Edite Estrela, que intervinha no debate da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) sobre o relatório “Propaganda e liberdade de expressão na Europa”, referiu que a “propaganda vem de longe, tem muitos rostos e formas”, mas “o mais óbvio pode não ser o mais perigoso”.
Mencionando o livro de Edward Bernays “Propaganda”, publicado em 1928, a presidente da delegação portuguesa à APCE frisou que o autor “lançou as bases para o que hoje chamamos de marketing político”. Bernays “usou a palavra ‘propaganda’, criada pela Igreja Católica, e hoje desacreditada, para definir como ‘um governo invisível manipula as nossas mentes, gostos e ideias’”, disse.
De acordo com Edite Estrela, “este é o mecanismo oculto que o propagandista analisa e com o qual trabalha: a desinformação e as ferramentas de manipulação psicológica”.
A socialista alertou depois para a importância de não se confundir propaganda com informação: “O direito à informação é demasiado importante para ser confundido com uma inundação de propaganda. A propaganda pode ser apresentada de forma subtil e, portanto, pode enganar as pessoas com mais facilidade. A propaganda prolifera nas redes sociais, mas não só. Também está presente nos media tradicionais e nos comentários políticos”.
Assegurando que os “cidadãos bem informados estão mais atentos à realidade e têm um sentido crítico mais responsável e construtivo”, Edite Estrela atestou que “a propaganda, a desinformação e as notícias falsas têm o potencial de polarizar a opinião pública, de promover o extremismo violento e o discurso de ódio e, em última análise, de minar as democracias e reduzir a confiança nos processos democráticos”.
A deputada do Partido Socialista concluiu a sua intervenção defendendo que “a propaganda não tem fronteiras”, sendo por isso “necessária cooperação a todos os níveis entre Estados e instituições, e entre autoridades e cidadãos”.
“Devemos promover a literacia para os média e informação através de programas de investimento em meios de comunicação e educação cívica”, algo que é “crucial para manter o pensamento crítico nas nossas sociedades, especialmente sobre questões controversas como as alterações climáticas, as minorias, os migrantes ou as pessoas LGBTIQ+, o sexo e as questões de género”, referiu Edite Estrela.