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Economist Intelligence Unit: “A meta orçamental para o próximo ano, caso seja alcançado, …

Economist Intelligence Unit: “A meta orçamental para o próximo ano, caso seja alcançado, …

O défice que o Governo se propõe alcançar em 2011, de 4,6 por cento, se for cumprido, poderá ajudar a restaurar a confiança dos investidores e a reduzir os ‘spreads’ da dívida, diz o Economist Intelligence Unit (EIU) à Agência Lusa.

Kevin Dunning, economista-chefe responsável pela análise a Portugal, considera que a confiança dos investidores internacionais em Portugal irá aumentar e os ‘spreads da dívida portuguesa irão baixar se o Governo cumprir o défice de 4,6 por cento do PIB que se propõe alcançar em 2011.
“A meta orçamental para o próximo ano, caso seja alcançado, vai melhorar a confiança dos investidores e eventualmente deverá contribuir para uma redução dos ‘spreads'”, estimou o mesmo economista.
No entanto, ressalvou, “os investidores internacionais vão querer ver as metas a ser atingidas através de cortes estruturais, em vez de medidas avulsas planeadas para cumprir a meta de 2010”.
Ainda assim, Kevin Dunning acredita que os custos que Portugal incorre para pedir dinheiro emprestado “vão continuar altos por alguns anos, porque os investidores deverão continuar a focar-se em preocupações económicas de fundo como a dívida alta do sector privado e o potencial crescimento lento da economia”.
Durante 2011, quando a economia estiver em contracção, “os ‘spreads’ estarão em risco de subir abruptamente novamente, uma vez que os mercados temem que o declínio do PIB afecte em si mesmo as receitas fiscais”.
A Economist Intelligence Unit considera que o Governo vai conseguir “um acordo político” que permita fazer passar o Orçamento para 2011 no Parlamento, ainda que com alterações às medidas de austeridade anunciadas até agora.
“A Economist Intelligence Unit acredita que o Governo vai conseguir um acordo político que passe no Parlamento, mesmo que tenha de fazer alterações às medidas discutidas até agora”, disse à Lusa Kevin Dunning, economista-chefe responsável pela análise a Portugal.
Questionado sobre se algumas das medidas agora anunciadas poderiam ter sido evitadas caso fosse tomadas mais cedo, tal como fizeram a Irlanda e a Espanha, o especialista considerou o modelo seguido pelo Governo como o mais acertado.
“Um aperto fiscal com a magnitude que Portugal precisa não pode ser aplicado de uma só vez. O Governo anunciou algumas medidas em Maio, que incluem items que podiam ser implementados rapidamente, como subida de impostos e corte nas despesas de capital”, disse Kevin Dunning.
Agora, acrescentou, o Governo teve mais tempo para pensar o próximo pacote de medidas e “houve um forte debate político sobre como fazer as poupanças fiscais necessárias” para 2011.
“Considero que, para terem legitimidade, esta foi a melhor forma de tomar decisões com este alcance e tão controversas. Em todo o caso a Irlanda e a Espanha vão ter de adoptar novas medidas nos próximos anos para que consigam cumprir as suas metas orçamentais”, afirmou Kevin Dunning.
Quanto a medidas para melhorar a competitividade da economia portuguesa, o especialista diz que as medidas tomadas não terão esse efeito.
“As medidas orçamentais para 2011 anunciadas não deverão melhorar significativamente a competitividade da economia, mas a consolidação fiscal é uma prioridade neste momento”, disse.
No médio prazo, salientou, o governo poderá tornar o “ambiente para os negócios mais atraente melhorando o sistema de impostos, continuando as reformas do sector público, liberalizar certos mercados e melhorando o processo judicial”.
Ainda assim, a “melhoria da competitividade também ocorrerá através de outras forças económicas que estão fora do controlo do Governo”, apontou.