Economia do país tem a ganhar com investimento sustentável
Intervindo na abertura da conferência que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários organiza anualmente, desta vez dedicada ao tema das finanças sustentáveis, Mário Centeno, depois de defender que o “impacto” que a sustentabilidade tem na estabilidade do sistema financeiro permite que a médio e longo prazo haja “ganhos para o setor económico”, lembrou que esta prioridade deve ser, contudo, “orientada” para tornar a economia com uma vertente “mais verde e sustentável”, considerando o governante que o ambiente é a “dimensão mais visível” de todo este processo, dado o impacto que o aquecimento global está a ter, assim como a “frequência e a severidade das catástrofes naturais”.
Para Mário Centeno, se os intermediários financeiros querem servir melhor os seus clientes, é no investimento sustentável, disse, que têm de focar a sua atenção, colocando-o no “topo das suas prioridades”.
A este propósito, o ministro das Finanças lembrou que entre 2007 e 2016, os “custos económicos de eventos meteorológicos extremos subiram cerca de 86%”, assinalando que só no ano passado, estima-se que estes custos poderão ter atingido qualquer coisa como os 117 mil milhões de euros.
Adiar ou tentar criar impedimentos para que haja uma transição clara para uma economia com “baixas emissões em carbono”, é estar a criar um cenário com novos custos que seriam sobretudo sentidos, sustentou, por toda a sociedade, “incluindo pelo próprio sector financeiro”.
Por outro lado, ainda segundo o ministro, o aumento dos desastres naturais irá inevitavelmente “afetar o setor segurador” no curto prazo, sendo que neste caso os riscos cobertos por seguros “vão pressionar o sector” e fazer com que a médio prazo “os prémios e as apólices aumentem”.
Perante este e outros eventuais cenários, Mário Centeno defende que todos os setores económicos “terão que fazer a sua parte neste processo”, recordando a importância de se cumprir o Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas assinado em dezembro de 2015.
Um acordo, como recorda o ministro das Finanças , que aponta também, por um lado, para medidas de redução das emissões de dióxido de carbono, a nível global, e, por outro lado, lembra que implica um investimento de 180 mil milhões de euros a “serem gastos nas próximas duas três décadas”.