É preciso inverter a desmesurada supremacia da direita na Europa
O também deputado socialista considera que a União Europeia está dominada e gerida pela direita, “que não aceita políticas alternativas”, mostrando-se incapaz de romper com a prática dominante, transformando, inúmeras vezes, discussões que são políticas em “discussões técnicas e burocráticas”.
A União Europeia, sustenta Porfírio Silva, apesar de reconhecer no papel a diversidade dos países, das suas várias instituições e dos seus partidos políticos, na prática é “gerida por uma ideologia dominante” que não “aceita alternativas” impondo “uma espécie de novo partido dominante”.
A direita europeia, organizada em torno do PPE – Partido Popular Europeu- ao qual pertencem PSD e CDS, com a sua maior preponderância quer no Parlamento Europeu, quer na Comissão Europeia, quer na grande maioria dos governos nacionais, acaba por controlar os executivos dos diversos países europeus, impondo aos cidadãos uma cartilha neoliberal cujos resultados práticos na economia e na qualidade de vida das populações estão plenamente modeladas na falência das políticas económicas e sociais dos últimos anos em Portugal.
Nesta entrevista ao jornal “i”, Porfírio Silva é contundente ao afirmar não ter dúvidas de que há responsáveis em Bruxelas, burocratas, como lhes chama, que têm andado a chamar jornalistas para, “em off, envenenar a comunicação social contra Portugal, mostrando documentos que deviam ser reservados e dando pretensas explicações que são afinal falsidades”.
Por outro lado, o dirigente socialista congratula-se com os acordos que o PS celebrou com os partidos à sua esquerda e diz acreditar que este entendimento será reconhecido, mais cedo do que tarde, como um dos momentos “mais relevantes para a democracia portuguesa pós-25 de abril”.
Defendendo o projecto orçamental traçado pelo Governo do PS, como um documento modernizador e capaz de ajudar o país a “arrepiar caminho”, Porfírio Silva considera que a Europa tem de caminhar compreendendo que são necessárias determinadas reformas capazes de preparar e de melhorar a capacidade dos países em responderem aos desafios presentes, designadamente, como refere, de “mais economia e de melhorar o funcionamento do Estado e de finanças públicas sãs, assentes em bons princípios económicos”.