É fundamental construir confiança coletiva para relançar a economia
Pedro Siza Vieira destacou ontem, no final de um conjunto de audições por videoconferência, convocadas pelo primeiro-ministro, com entidades nacionais e personalidades ligadas à área económica para debater o impacto da pandemia e as vias para o relançamento da economia portuguesa, a “extraordinária capacidade” dos portugueses em “gerir o risco” e a autodisciplina manifestada no âmbito das restrições impostas pela pandemia da Covid-19, apelando que esta mesma postura seja estendida e alargada numa altura em que o país vai retomar a sua atividade económica.
Um apelo que o ministro da Economia classifica de fundamental, sobretudo, como referiu, quando o Governo começar “daqui a algumas semanas” a equacionar o levantamento das restrições impostas pela pandemia de Covid-19, aproveitando Siza Vieira para destacar a capacidade manifestada por algumas empresas nacionais na fabricação, “em grande quantidade”, de máscaras para proteção da população, oferecendo deste modo aos cidadãos uma medida de proteção complementar “em grande escala”.
Neste conjunto de audições por videoconferência, que foram conduzidas pelo primeiro-ministro, António Costa, e que contaram ainda com a participação, para além do ministro de Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, de outros membros do Governo, foram escutadas as opiniões de destacados economistas e de um conjunto alargado de empresários, contribuindo, com as suas diferentes perspectivas, para o debate sobre os desafios que hoje estão colocados face a um cenário de retoma económica no futuro.
Opiniões e soluções que foram objeto de uma importante troca de pontos de vista e que, segundo Pedro Siza Vieira, foram “de uma maneira geral” compartilhadas, sobretudo na ideia de se “construir uma confiança coletiva” na capacidade de proteger as populações e os “seus elementos mais frágeis”, à medida em que o país se for preparando para o “levantamento das restrições à atividade económica e à circulação dos cidadãos”, sendo esta, na perspectiva do ministro, uma componente muito importante da “nossa estratégia de transição”.
Coordenar estratégias para a recuperação
Ouvidos economistas da Universidade Católica e do Instituto Superior de Economia e Gestão e uma dezena de outros economistas em nome individual, empresários, especialistas do Banco de Portugal e do Conselho de Finanças Públicas e do Instituto Nacional de Estatística, a que se seguirá uma reunião, hoje, dia 15, com os parceiros sociais, o Governo, segundo o titular da pasta da Economia, tem agora que voltar a sua atenção para os parceiros da União Europeia e começar a pensar nas estratégias que, “de forma coordenada” com os parceiros europeus, possam “criar a confiança de que estão reunidas as condições para o retorno gradual e progressivo da atividade económica”.
Quanto ao preço que a economia portuguesa vai ter de pagar por esta crise de saúde pública, o ministro disse ser “ainda desconhecida a verdadeira redução da atividade económica”, acrescentando, contudo, que dos dados conhecidos há cerca de “82% das empresas que estão a manter a sua atividade”, que neste momento 66 mil empresas colocaram os seus trabalhadores em lay-off, “o que representa menos de um quarto da população ativa”, e que ainda “não há um crescimento muito significativo do desemprego”, não colocando de lado, contudo, que esta é uma crise que “terá um impacto evidente no PIB no final do ano”.
Mesmo com o espectro de uma queda do produto, que hoje já não oferece dúvidas a ninguém, Siza Vieira insiste que o importante agora é que, passado este trimestre, em que “ há maiores medidas de restrição”, possa ser possível a partir daqui, “com os cuidados e a confiança” que são sempre necessários, “voltar a retomar a nossa atividade”, sempre no pressuposto de salvaguarda da “saúde das populações”.
Na opinião do ministro da Economia, é também importante que esta crise projete uma imagem externa de Portugal “positiva” enquanto destino seguro e “onde existe uma enorme coesão social”, um cenário que o governante lembra que pode trazer “vantagens no reposicionamento da nossa economia no futuro”.