É altura de mudar e renovar a liderança da Comissão Europeia
António Costa falava no final de uma cimeira informal de chefes de Estado e de Governo da União Europeia que marcou o arranque das negociações para a escolha dos vários cargos institucionais de topo lembrando que chegou a hora de haver uma renovação na liderança da Comissão Europeia, desta vez escolhendo um candidato socialista, depois de15 anos consecutivos com o PPE à frente da Comissão Europeia, 10 anos com Durão Barroso e cinco com Jean-Claude Juncker.
Insistindo que a melhor escolha para liderar a Comissão Europeia recai em Frans Timmermans, António Costa não deixou, contudo, de reconhecer que perante “a nova realidade parlamentar” saída das recentes eleições europeias faz todo o sentido que haja um “acordo político alargado” entre as diversas famílias políticas representadas nas instâncias europeias, de modo a que se encontrem as personalidades que possam garantir, como referiu, a necessária estabilidade, não só na Comissão Europeia, mas também, como acrescentou, no Conselho e no Parlamento Europeu.
Garantindo que nesta reunião informal dos chefes de Estado e de Governo em Bruxelas não foram discutidos nomes, mas “apenas perfis”, António Costa fez questão de sublinhar que em sua opinião o futuro presidente da Comissão Europeia, em qualquer caso, deve ser alguém que possua o “requisito básico” de ter tido uma “experiência executiva” no seu país ou a nível internacional, algo que o candidato alemão do PPE, Manfred Weber, “manifestamente não tem”, considerando o primeiro-ministro português ser este “entre outros” um forte ‘handicap’ do candidato do Partido Popular Europeu.
Lamentando que este critério não seja hoje especialmente valorizado pelas diversas “famílias políticas” europeias, António Costa lembrou que esta desvalorização é, contudo, tanto mais estranha e surpreendente quanto o facto de que desde os dez anos da presidência de Jacques Delores, entre 1985 e 1995, “não houve qualquer outro presidente da Comissão que não tivesse previamente experiência, no mínimo governamental, no seu Estado-membro de origem”.
Divergências à parte, o primeiro-ministro deixou, contudo, a garantia de haver uma “vontade consensual” de todos os líderes para que se chegue a acordo na “designação de um nome na próxima cimeira” agendada para os dias 20 e 21 de junho, não só para a presidência da Comissão, mas também para os três outros altos cargos institucionais da União Europeia, presidência do Conselho Europeu, que tudo indica poderá ser ocupado por alguém que seja ou já tenha sido chefe de Estado ou de Governo, presidência do Parlamento Europeu, que sairá do consenso encontrado entre os parlamentares eleitos, e o Alto Representante para a Política Externa.
O primeiro-ministro referiu ainda que seria “muito mau” se não se conseguisse chegar a uma solução de consenso em junho, porque tal poderia pôr em risco que a nova Comissão Europeia entre em funções, como está previsto, em 1 de novembro próximo.