Do Governo – Portugueses no Mundo
Havia, na análise que se fazia, a preferência por um secretário-geral que viesse do leste europeu e que, em reforço, fosse mulher. Essas opções eram sustentadas na história da ONU e nos desafios que se colocavam. Mas a gestão do processo por parte das grandes potências, a fragilidade das candidaturas, o novo método de escolha e o excelente desempenho de Guterres ao longo do processo deram a Portugal uma vitória.
Perante esta realidade não é possível deixar de dar relevo à nossa diplomacia e ao governo atual que, com critério e com discrição, atingiram o objetivo desejado.
Um outro processo de vitória improvável foi o da escolha do presidente do Eurogrupo. Portugal, um país que havia estado debaixo de uma intervenção externa dura, que tinha escolhido uma solução de governo que esbarrava com as previsões das grandes forças que determinam a política europeia, que estava a sair do “lixo” na apreciação das agências internacionais, via o seu ministro das finanças receber o apoio dos seus pares e assumir a responsabilidade de reformar os mecanismos europeus de natureza monetária e financeira.
A par destas escolhas há ainda outras. Jorge Moreira da Silva ou Monica Ferro, por exemplo, independentemente do sítio de onde vinham, fizeram impor o seu recheio de competências com o apoio determinado das Necessidades. E esta visão de Augusto Santos Silva, ir para além do que é a espuma dos dias da vida interna, favorece Portugal e une os portugueses.
O nosso país já havia assumido a presidência temporária da assembleia geral da ONU; já havia presidido à Comissão Europeia, e já se havia revelado em espaços de multilateralismo em tempos passados. Mas nunca como hoje se validou uma ação da nossa diplomacia com o sucesso inegável que está à vista. E é também destes sucessos que Portugal se faz maior por este novo mundo.