Do Governo 2 – Internacionalização da economia
Cada uma das intenções de investimento passa por um trabalho aturado, por regras exigentes de concorrência entre projetos e manifestações de interesse.
Quando foi construída a atual solução de governo, fazendo regressar o universo da “internacionalização” ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, foram colocadas duas questões que careciam de confirmação. A primeira era a da pouca sensibilidade do novo titular do Palácio das Necessidades para as questões da economia real; a segunda a da anacrónica forma de construir uma maioria parlamentar.
Se quanto à primeira questão nunca tivemos dúvidas – o titular, que também é número dois do governo, seria um dos mais eficazes ministros em todos os universos e saberia encontrar as equipas certas para continuar o caminho e, em especial, dar-lhe um novo impulso – já quanto à segunda questão não havíamos, à altura, encontrado as respostas, mesmo que as desejássemos positivas.
Todos os relatórios nos dizem que a solução governativa não implicou em nada com o interesse dos investidores, que a dinâmica governativa e a resposta das administrações tem sido de alto nível, até muito melhor quando comparada a anos transatos onde a tutela política se afirmava ao nível de um vice-primeiro-ministro.
A meio da legislatura interessa perguntar: como estamos de investimento direto estrangeiro em Portugal?
A EY diz-nos a razão de ser de não existir na discussão política qualquer proposição dos partidos da oposição. O Inquérito à Atratividade de Portugal 2017 indica que o nosso país captou o maior valor de investimento direto estrangeiro dos últimos 20 anos. Sim, 20 anos…
Neste último ano, foram registados 59 novos investimentos, um recorde. E quem foram os países de origem dos projetos? Alemanha e Espanha foram os que se destacaram em volume de capitais aplicados, a França foi o maior criador de emprego.
Os dados relativos aos países europeus não são novidade, resultam da nossa velha relação comercial, da proximidade. Mas o que é interessante é o crescimento do interesse dos Estados Unidos e do Japão, alargando o alcance geográfico fruto do nosso posicionamento estratégico.
Nesta leitura rápida do relatório da EY, pouco conhecido infelizmente, há ainda um outro indicador saborosíssimo – 62% dos investidores estrangeiros, integrantes do universo da amostra, afirmam-se otimistas quanto ao futuro da economia portuguesa e 32% dos que já produzem em Portugal demonstram a vontade de ampliar o volume de negócios a partir do nosso país.
São estas boas notícias que se ficam pelos relatórios, que se esquecem perante o ruído do dia. E é por isso que aqui as deixamos, competindo-nos levar a tantas portas quantas as nossas forças o permitirem.