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Direitos não se asseguram por subscrição pública

Direitos não se asseguram por subscrição pública

É ao Estado, disse António Costa no comício de ontem em Viseu, que compete assegurar os direitos fundamentais dos portugueses, com serviços de qualidade e bem geridos pelo Governo, e não através de subscrições públicas como defende Passos Coelho e a coligação de direita PSD/CDS.

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Direitos não se asseguram por subscrição pública

António Costa referia-se ao ainda primeiro-ministro quando se viu confrontado com a impaciência dos enganados e lesados do BES, aconselhando-os a recorrerem à justiça, dispondo-se mesmo de forma “generosa” a ajudá-los “até com o apoio do seu próprio bolso” a organizar uma subscrição pública para o acesso à justiça.

Os direitos fundamentas dos cidadãos, defendeu António Costa “não se asseguram por subscrição”, mas com serviços públicos de qualidade, poupando na burocracia para que o Estado possa investir no que é essencial.

O tema serviu depois de pretexto para o Secretário-geral do PS ironizar, salientando que “qualquer dia vai ser necessário fazer uma subscrição pública para as crianças que não têm escola pública poderem frequentar os colégios privados”.

Sem deixar o registo irónico, António Costa perguntou, seguindo a lógica do ainda primeiro-ministro, se o país não terá de se confrontar com a necessidade de “fazer umas rifas” para financiar uma operação a quem não tem acesso ao hospital público, para poder realizá-la no hospital privado, ou se não terá, todos os anos, pela quadra natalícia, “de fazer uma quermessezinha para arranjar uma ceia de Natal para os pobrezinhos que têm direito a comer pelo menos na noite de Natal”.

Em tom mais sério, António Costa referiu-se depois ao caso particular das cantinas sociais, apoiadas e acarinhadas pelo Governo PSD/CDS, classificando-as como uma “versão moderna da sopa dos pobres” e como uma “aposta errada do ponto de vista financeiro”, dando o exemplo de um casal com dois filhos que perdeu 370 euros de apoios e que agora custa ao Estado 600 euros por mês nas cantinas sociais.

Na sua intervenção, o líder socialista referiu-se ainda ao Serviço Nacional de Saúde, “que não pode ser destruído”, classificando-o mesmo como o “bem maior que a democracia proporcionou”.

Um Governo sólido, capaz e com os olhos postos no futuro, predicados que não fazem parte do léxico da coligação de direita, tem de saber assegurar a todos, “onde quer que vivam, quaisquer que sejam as suas posses”, igual acesso aos cuidados de saúde, porque se trata de “um direito que a todos tem de ser consagrado”.

“Abstenha-se de forma irrevogável”

Antes da intervenção do líder socialista, usou da palavra João Galamba que, apesar de ser candidato a deputado pelo círculo de Coimbra, não quis faltar a este comício de Viseu, aproveitando para desferir um ataque fortíssimo contra Paulo Portas, acusando-o de “enganos, mentiras e falsidades” quanto se refere às propostas do Partido Socialista sobre Segurança Social, deixando ao ainda vice primeiro-ministro e líder do CDS, um conselho para que se abstenha de falar sobre pensões e pobreza, e a fazê-lo “de forma irrevogável”.