Direita deixa legado de desigualdade, desemprego e emigração
Estas posições foram transmitidas ontem, em conferência de Imprensa, no Largo do Rato, por Mário Centeno, candidato independente a deputado pelo PS e coordenador do cenário macroeconómico socialista, numa reação aos dados do INE sobre a evolução da economia no segundo trimestre deste ano.
“O INE confirmou que no segundo trimestre de 2015 o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,5%. Os portugueses, empresários e trabalhadores estão de parabéns, mas este valor é metade do previsto pelo Governo e acontece após um período de enorme sofrimento para a economia portuguesa”, disse.
Acrescentando que os números do INE sustentam “um trajeto que não se pode perpetuar, porque está baseado no crédito e endividamento” e não resultam de “uma transformação estrutural da economia portuguesa”.
Mário Centeno frisou ainda que “o crédito ao consumo subiu 21% e o crédito para comprar automóvel subiu 42%”.
Mercado de trabalho voltou a encolher
Já no que respeita à redução da taxa de desemprego para 12,1%, Mário Centeno lembrou que “o mercado de trabalho voltou a encolher”, porque, frisou, continua a existir uma “redução da população ativa”, devido, essencialmente, à emigração.
“Entrámos no 15.º trimestre em que a população ativa cai, uma redução de 0,5% em termos homólogos”, disse.
O economista explicou que “os processos emigratórios em curso em algumas economias, caso da portuguesa, levam a um encolhimento do mercado de trabalho, que se traduz numa redução da população ativa, ou seja, pessoas com emprego e dispostas a trabalhar. Esse número não deixou de cair desde o primeiro trimestre de 2012, num total de 45 meses em queda”.
O candidato a deputado pelo PS criticou a coligação PSD/CDS por classificar como “um sucesso” a existência de 650 mil desempregados, “a que se juntam 250 mil desencorajados e os mais de 350 mil emigrantes”.
“Se a estes juntarmos os mais de 160 mil estagiários e os 20 por cento que recebem o salário mínimo, ficamos com uma ideia muito clara do legado destes quatro anos de Governo: desigualdade, desemprego e emigração”, disse.
O coordenador do cenário macroeconómico socialista voltou a criticar o modelo económico seguido pelo Governo, sublinhando que a procura interna teve um contributo de 3,4 pontos percentuais, enquanto as exportações líquidas baixaram 1,9 pontos percentuais.
Para Mário Centeno, “estes números refletem o falhanço da coligação de direita na transformação estrutural da economia portuguesa”, já que são a expressão de “uma política sem rumo e que não conseguiu trazer de volta o investimento e a confiança ao país”.
O economista comentou ainda as recentes críticas feitas pelo presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, ao programa eleitoral dos socialistas. Mário Centeno disse que “conto para crianças é a versão de ‘Pedro e o lobo’ que o primeiro-ministro nos quer contar”, acrescentando que “todos sabemos o que valem os anúncios de Pedro”.