Direita anda perdida numa estratégia errática
Carlos César lembra que há “compromissos externos que obrigam à preservação de indicadores como o défice”, dizendo acreditar num bom desfecho para as negociações com Bruxelas em torno do incumprimento registado em 2015 pelo Governo PSD/CDS.
O presidente e líder da bancada socialista falava em Coimbra na sessão de abertura da conferência “Desigualdade, Território e Políticas Públicas”, que o Partido Socialista organizou no Convento de São Francisco.
Depois de mostrar uma grande confiança em que Portugal cumpra este ano as metas do défice estabelecidas com a Comissão Europeia, Carlos César criticou veementemente a direita lembrando que “tudo sacrificou em nome do défice”, chegando mesmo o anterior Governo a defender que a “credibilidade externa do país estava suspensa da politica de austeridade e de contração nas finanças públicas”, políticas que Carlos César classificou como “lesivas e dolosas para os cidadãos, famílias e empresas”, mostrando estranheza pelo facto de os mesmos, que antes sacrificam tudo em nome do défice, virem agora criticar o Governo do PS por querer que o défice em Portugal fique dentro da meta estabelecida com a Comissão Europeia.
A direita desprezou as políticas sociais
O presidente do PS referiu-se depois aos “estragos” que a direita fez ao longo dos quatro anos e meio em que esteve no Governo, acusando PSD e CDS de terem “menosprezado” a agenda de políticas sociais e de “não terem cumprido o que prometeram em 2015 aos portugueses e às instâncias europeias” de baixarem o défice dos 3% do PIB, arriscando o país a imposição de sanções.
O líder parlamentar do PS considerou improcedentes as críticas da direita sobre o que diz ser o “baixo crescimento económico” dos últimos trimestres, lembrando que foi “justamente nos dois últimos trimestres de 2015”, com o Governo PSD/CDS, que “ocorreu uma diminuição acentuada e progressiva do crescimento”, trajetória que Carlos César garante “está agora a ser revertida” pelo Governo liderado por António Costa, “melhorando os seus indicadores”.
O líder parlamentar do PS referiu-se depois ao que considera ser a prioridade do Governo socialista, advogando a necessidade de uma mobilização de todos os esforços para que a confiança em Portugal se traduza em mais investimento, mais crescimento, mais riqueza e mais emprego, reconhecendo que Portugal “ainda não alcançou o ritmo desejado” muito por culpa das “incapacidades geradas no passado”, com a descapitalização das empresas, com a crise das finanças públicas, com o “aumento da dívida”, mas também pela “crise bancária que o Governo anterior encobriu e negligenciou”.
A par desta herança, Carlos César lembrou ainda que PSD e CDS sempre assumiram uma posição “contrária à adoção de políticas sociais” como “fator corretor de desigualdades”, e rejeitou liminarmente a possibilidade de um aumento da carga fiscal em 2017.