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“Devemos exigir respeito pela soberania da Assembleia da Republica”

“Devemos exigir respeito pela soberania da Assembleia da Republica”

No discurso da tomada de posse como presidente da Assembleia da República, e numa réplica ao discurso de Cavaco Silva, Ferro Rodrigues defendeu que não há deputados ou grupos parlamentares de primeira e segunda, como também não há “coligações aceitáveis e outras banidas”.

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“Devemos exigir respeito pela soberania da Assembleia da Republica”

Começando por exigir respeito pela soberania da Assembleia da República, o socialista Ferro Rodrigues, eleito presidente da Assembleia da República por larga maioria de votos dos deputados, lembrou que a história de “compromissos e convergências” tem “forçosamente de se repetir” também nesta nova legislatura em que nenhuma força política, como acentuou, obteve maioria absoluta.

Depois de salientar que não há “deputados ou grupos parlamentares de primeira ou de segunda”, Ferro Rodrigues apelou ao respeito pela Assembleia da República, do mesmo modo “como respeitamos a soberania e a autonomia dos tribunais, do Governo ou do Presidente da República”, garantindo que será o presidente de todos deputados.

Reconhecendo que o conflito e as divergências políticas são próprias em qualquer democracia madura, o novo presidente do Parlamento relembrou, contudo, que “nenhuma democracia sobrevive sem compromissos e uma cultura de lealdade institucional”, sublinhando que o diálogo entre os partidos representados na Assembleia da República assume um caráter estratégico.

A verdade, disse Ferro Rodrigues, é que a história dos inúmeros sucessos alcançados em Portugal, nestes 40 anos de democracia, e dos “muitos avanços civilizacionais” conseguidos, só foram possíveis graças aos compromissos políticos por “quem se dispôs a sentar à mesa para se pôr de acordo sobre questões fundamentais”. 

Ferro Rodrigues defendeu ainda que nenhum representante do povo pode ser impedido de contribuir para o futuro do seu país, lamentando o afastamento das instituições democráticas por parte dos portugueses, justificando que tal só acontece porque muitos se confrontam com uma situação económica e social muito grave, e por reação a um processo de ajustamento levado a cabo pela direita, que deixou um lastro de feridas sociais que “importa sarar com urgência”, lembrando a este propósito a pobreza, o desemprego, as desigualdades e a emigração indesejada.