Desafios estratégicos do país são oportunidade para ganhar “uma década decisiva” para Portugal
Num artigo de opinião publicado no JN, o primeiro-ministro e líder socialista defendeu que durante a próxima década Portugal enfrenta um conjunto alargado de desafios aos quais importa responder, como sejam os problemas ligados às alterações climáticas, à dinâmica demográfica, à transição digital ou ainda ao combate às desigualdades, acrescentando um outro repto que passa pela necessidade de o país continuar a consolidar a “convergência com a União Europeia”, um processo que, como aludiu, começou a ser alcançado em 2017.
Sobre a aproximação aos padrões europeus, António Costa justificou este seu ponto de vista com a necessidade de o país garantir que estes três últimos três anos sejam o “início de uma década continuada de crescimento sustentado, assente cada vez mais na produção de bens e serviços de maior valor acrescentado”. Objetivos que, para o líder do Governo, têm também de servir para “acautelar, em meados desta década”, que Portugal vai igualmente conseguir alcançar, nomeadamente, o aumento das suas exportações, que deverão passar a representar em breve, como defendeu, “50 por cento do Produto Interno Bruto”.
Quanto aos quatro grandes desafios elencados, António Costa começou por referir o compromisso do país em alcançar a neutralidade carbónica até 2050, destacando como uma das medidas estruturais o “encerramento de centrais de carvão”, assinalando que em matéria de alterações climáticas Portugal tem uma particular responsabilidade, não só porque foi o primeiro país a assumir este compromisso em 2016, mas também por uma “especial necessidade”, recordando que é dos países europeus que “mais está ameaçado pelas alterações climáticas no risco de erosão costeira ou em matéria de incêndios florestais”.
O outro grande desafio para a década, na opinião de António Costa, passa pela questão da demografia, garantindo que o Governo já traçou um “caminho claro” para tentar inverter as atuais baixas taxas de natalidade em Portugal, de forma a devolver às famílias “a confiança de poderem ter os filhos que efetivamente desejam”.
Combate às desigualdades e a transição digital são os outros dois principais desafios que, na perspetiva de António Costa, Portugal tem de saber enfrentar e vencer na próxima década, sustentando que o “terrível flagelo” da violência de género tem de ser combatido desde já, com eficácia e sem quaisquer hesitações, como uma prioridade para que “possamos construir uma sociedade mais igual e mais justa”.
Mas combater as desigualdades passa também e ainda, como argumenta, pela aposta no programa de valorização do interior do país de forma a que se possa alcançar uma “estratégia articulada de projetos e de medidas”.
Finalmente, no que respeita à questão da transição digital, o chefe do Governo lembra que esta é uma “batalha que o país não pode perder”, uma vez que se trata de uma oportunidade única, como refere, para que as políticas públicas de cultura, ciência ou de educação sejam valorizadas e potenciadas para “desenvolver a inovação baseada no conhecimento”.
Para António Costa, apostar decisiva e inequivocamente na transição digital significa, entre outros fatores, fomentar a criatividade, eliminar o abandono escolar precoce e continuar a democratizar o acesso ao ensino superior. Pressupostos fundamentais, como acrescenta, para “podermos cumprir a meta de, em 2030, investirmos 3% do PIB em I&D, entre o Estado e as empresas”, sustentando que “só uma sociedade do conhecimento valoriza o conhecimento”.