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Demasiado diferentes

Demasiado diferentes

As diferenças entre o PS e o atual Governo são hoje mais claras do que alguma vez foram. O Programa aprovado na Convenção Nacional do Partido Socialista reforça-o. Ideológica e formalmente.

Opinião de:

Demasiado diferentes

O PS é notoriamente diferente do Governo na forma como construiu este compromisso eleitoral. Fê-lo de forma participada e faseada, num processo verdadeiramente qualificador da democracia portuguesa. Desde a apresentação de uma visão de conjunto para o país na Agenda para a Década, ao estudo de viabilidade do Cenário Macroeconómico, o PS construiu os alicerces para um debate sério na sociedade portuguesa, que culminou na aprovação de um Programa Eleitoral digno de apreciação francamente positiva.

Mas mais do que na forma, o PS é essencialmente diferente no seu conteúdo. 

É, antes de mais, diferente na visão que apresenta, radicalmente diferente daquela que tem sido a atuação deste Governo. O PS acredita numa agenda de inovação e diferenciação do país e na sua capacidade de se afirmar pela diferenciação e não pelo baixo custo. São diferenças radicais e de fundo, que reforçam a distância que nos separa.

É demasiado diferente pela forma clara como defende a existência de um Estado Social forte, valorizador da escola e saúdes públicas, bem distante da visão de Estado mínimo que parece ter toldado a lucidez de alguns dos nossos governantes.

É demasiado diferente na defesa das liberdades e garantias, onde afirma novamente o seu perfil progressista, com a defesa da coadoção plena e do reconhecimento dos cidadãos intersexo, tal como o fizera antes na defesa do casamento entre cidadãos do mesmo sexo ou na defesa da interrupção voluntária da gravidez.

Mas é fundamentalmente diferente por assumir um projeto sem dogmatismos ou certezas absolutas, por assumir que em democracia haverá sempre uma alternativa e que em democracia não há nem medidas nem projetos políticos perfeitos.

Quatro anos depois de o PSD e o CDS terem alcançado uma maioria absoluta, continuam ainda sem um projeto credível para Portugal, mas os dogmatismos mantêm-se, por mais que os números ou a realidade reforcem a incapacidade da solução apresentada durante os últimos quatro anos.

Na ressaca de uma deriva profundamente ideológica, a Coligação atravessa hoje o deserto de quem, desprovida da superioridade moral que sempre reivindicou, se vê agora confrontada com um projeto político vazio, apenas sustentado num conjunto de slogans ocos e desfasados da realidade. 

O Partido Socialista não esteve sempre certo. E, apesar de sempre ter estado presente na hora de assumir as mudanças estruturais para o país, nunca reivindicou o monopólio da razão. Essas são e serão sempre as garantias necessárias para afirmarmos com certeza que estamos, uma vez mais, do lado certo.