home

DÉFICE BAIXA SEM HABILIDADES

DÉFICE BAIXA SEM HABILIDADES

O défice em 2016 foi 2, 1, confirmou o INE. O melhor de toda a democracia portuguesa. O PS considera que foi uma bofetada sem mão nos maus agoiros internos e externos. Em relação a estes últimos, nunca peca por excesso reavivar, dada a sua leviandade, a afirmação ridícula e falsa do guru alemão Schauble, de que Portugal só andou bem até ao Governo PS.

Opinião de:

DÉFICE BAIXA SEM HABILIDADES

O disparate do ministro das Finanças de Merkel, que de democrata-cristão só tem o nome, é ainda maior, se tivermos em conta a recente revelação de Moscovici – o primeiro europeu a dizer que houve progressos no nosso país com António Costa -, segundo a qual Portugal sairá em breve do Procedimento por Défices Excessivos. O resultado histórico de 2,1 foi obtido, de acordo com o ministro Mário Centeno, sem milagres nem habilidades, com muito trabalho. O défice ficou abaixo das metas, mas o esforço ainda não acabou, disse, por sua vez, o primeiro-ministro.

Vem aí o investimento público e a consolidação orçamental não será descurada. Terá sido este o alcance das palavras de António Costa. Mas o certo é que o défice de 2,1 foi obtido sem austeridade, sem aumento da carga fiscal, com a reposição de rendimentos, com a capitalização das empresas, com crescimento económico, com o desemprego a baixar – enfim, com o chamado lado real da economia em franca e positiva evolução. Foi a demonstração cabal e inequívoca de que havia uma alternativa, como o PS sempre disse, à política ruinosa e suicida de Passos Coelho e Paulo Portas. A oposição tem dúvidas sobre se os 2,1 serão duradouros, se o PS conseguirá manter o nível. Cremos que sim, porque o primeiro-ministro não tem uma visão imediatista da economia e da política. O economista John Maynard Keynes venceu a grande depressão de 1929-30, mas numa perspetiva imediatista, ignorando o médio e longo prazo. Confrontado com esta acusação, teve uma frase célebre: a longo prazo, estamos todos mortos! 

O PS e o seu Governo não são assim. Têm uma perspetiva de prazo e uma preocupação com o futuro, como o provam a Agenda para a Década e o Plano Nacional de Reformas. O primeiro-ministro já disse até que precisa de um segundo mandato. Dir-se-á que para o PS, e a longo prazo, estamos todos vivos! Se é admissível, porém, questionar a durabilidade dos 2,1, já me parece de todo em todo inaceitável, e próprio da baixa política, dizer, como fez o PSD, que foi obtido à custa de habilidades. Será que o PSD se refere às suas mãos extremamente hábeis, que iam ao bolso dos portugueses, levando-lhes o dinheiro dos salários e pensões? Não vejo que outras habilidades possam ter sido. A não ser, também, as que o seu líder fazia com o Fisco e com a Segurança Social. O PSD, atendendo ao mal que fez aos portugueses e a Portugal, deveria ter mais tento na língua. Não tem autoridade para falar. Mas percebe-se porque o faz: está ressabiado, como diz António Costa.