Transmitido em simultâneo pela RTP, SIC e TVI, o único debate a dois entre os principais candidatos a primeiro-ministro nas Legislativas antecipadas de 18 de maio permitiu que o Secretário-Geral do PS demonstrasse, mais uma vez, a sua preparação, prontidão e empenho em fazer avançar o país por um “caminho diferente daquele que tem sido seguido até agora pela governação da AD”, com vista à construção de um futuro próspero e com justiça social “para todas e todos”.
No arranque deste aguardado debate, o líder socialista defendeu que o PS tem “as propostas necessárias, uma equipa com competência, com experiência” além da “energia e ambição de quem acredita que Portugal pode mais”.
“Eu quero defender aqueles que precisam de melhores salários, de melhores pensões, precisam de casas para viver e de um Serviço Nacional de Saúde que responda às suas necessidades”, assegurou, acusando o presidente do PSD de apresentar aos portugueses “previsões fantasiosas” sobre crescimento da economia.
Neste ponto, apontou como medidas prioritárias a aplicação do IVA zero para bens essenciais e a redução do preço do gás de botija, explicando que o benefício destas propostas do PS se estenderá a toda a sociedade portuguesa.
Depois, fez notar que o programa da AD “é um embuste e é irrealista”, contrapondo que o do PS “é mais prudente e cauteloso” tendo em conta as previsões.
“O ainda primeiro-ministro fez uma proposta que é absolutamente impossível de concretizar”, avisou, acusando Montenegro de ter duas faces.
“Uma face durante a campanha eleitoral e depois outra diferente para Bruxelas”, atirou Pedro Nuno Santos, indicando que o ainda chefe do executivo de coligação PSD/CDS apresentou taxas de crescimento que não estão previstas por ninguém em Portugal, no âmbito do programa da AD, “mas, depois, em Bruxelas, apresenta taxas de crescimento inferiores a 2%”.
“O que Luís Montenegro nos traz aqui é uma fantasia, um ato de fé”, vincou, após ter criticado a ideia de um novo Governo da AD baixar mais o IRC, de forma transversal.
No capítulo do apoio aos setores produtivos em Portugal, o Secretário-Geral e candidato do PS a primeiro-ministro salientou que aquilo que o Partido defende “não é nada de radical”, sendo até o mesmo que “Mario Draghi defende na União Europeia”, ou seja, a canalização de mais apoios para setores empresariais estratégicos e prioritários, capazes de impulsar o crescimento da economia nacional, sem que “nenhum setor fique, desde logo, de fora dos apoios”.
Na resposta à primeira questão colocada no âmbito do debate realizado nas instalações do Campus de Carcavelos da Universidade Nova de Lisboa, a propósito da gestão política do apagão generalizado que afetou o país na passada segunda-feira, o líder do PS voltou a censurar a falta de comunicação e coordenação demonstrada pelo Governo.
“Deixou os autarcas entregues à sua sorte, sozinhos ao longo das horas em que o país esteve sem eletricidade”, lembrou, considerando essencial que, logo após o apagão, o primeiro-ministro tivesse convocado o Sistema de Segurança Interna, onde estão representadas entidades como a Proteção Civil, as forças de segurança, a PJ e Forças Armadas, além de membros do Governo.
Governo falha nas crises, na saúde e na habitação
“O Governo falhou na sua missão”, resumiu o líder socialista, recordando a forma como atuou, enquanto ministro, perante “a crise da greve dos motoristas de matérias perigosas”, assim como durante a pandemia da covid-19.
Depois, explicou que as falhas do Governo ainda em funções não se ficam apenas pela gestão de crises inesperadas, mas também na ação política prosseguida perante problemas que afetam setores fundamentais para a vida das pessoas.
Chegado ao tema da Saúde, onde o desacordo com o adversário foi evidente, o Secretário-Geral do PS agradeceu a Luís Montenegro por ter lembrado Fernando Araújo.
“Porque é, de facto, das figuras na área desta área mais consensuais na sociedade portuguesa, elogiado por muitas personalidades de direita, julgo até pelo candidato a Presidente da República apoiado pela AD”, reagiu, reafirmando ser precisamente esta “a área de maior falhanço do atual Governo”.
“E por responsabilidade direta e pessoal de Luís Montenegro, que criou a expectativa nos portugueses de que era fácil e rápido resolver os problemas de saúde”, acrescentou o líder socialista.
A propósito das parcerias público-privadas (PPP), acusou o executivo de pretender “passar para PPP cinco hospitais, mais de 170 centros de saúde, sem ter apresentado a devida fundamentação”.
Contrariamente, advogou no sentido de uma estratégia alternativa de concessão de maior autonomia de gestão às administrações dos hospitais.
“Tenho a certeza de que, com maior autonomia e maior flexibilidade de gestão, os nossos hospitais podem ser mais bem geridos, sem os termos de entregar à gestão de privados”, pontualizou.
Apoio aos jovens e “defesa séria” do sistema público de pensões
Também no setor da habitação ficaram claras as divergências entre os projetos do PS e da AD, concordando apenas no impulso à construção, com Pedro Nuno Santos a reafirmar a opção pela utilização de parte dos dividendos da Caixa Geral de Depósitos neste propósito.
O líder socialista disse ainda, sobre esta temática, que o Governo não está a ser capaz de pagar a tempo os apoios ao arrendamento.
E no que diz respeito aos jovens, Pedro Nuno Santos acusou o executivo de direita de “dar com uma mão e tirar com a outra”, apontando que a governação da AD pretende descongelar as propinas, algo que não foi desmentido pelo primeiro-ministro.
“Os jovens são uma prioridade quanto baste para campanha. Na realidade, naquilo que interessa, seja na habitação, seja nos cursos de ensino superior, seja na devolução dos custos com a propina, o Governo da AD não compareceu”, acusou o Secretário-Geral socialista.
Quanto ao sistema de pensões, avisou que um Governo do PS fará “uma defesa séria” do seu caráter público, comprometendo-se a extinguir de imediato o grupo de trabalho criado pelo executivo de Luís Montenegro para a privatização da Segurança Social.
A terminar, Pedro Nuno Santos pediu o voto dos eleitores, garantindo que os portugueses “podem confiar no Partido Socialista” e que “o PS é a solução que Portugal precisa”.