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De novo a agricultura

De novo a agricultura

Nos últimos quatro anos o setor agrário viveu um enlevo que foi pago, e caro, pelos portugueses. A política era, antes de tudo, a consagração de um título de jornal, uma imagem composta para uma televisão, uma simpatia falsa perante um homólogo.

Opinião de:

De novo a agricultura

O ministério da agricultura foi ocupado por um técnico competente, vindo de Bruxelas, e por mais duas nódoas que se limitaram a cumprir um objetivo – alocar recursos de acordo com critérios de interesse corporativo e territorial sem uma linha estratégica, sem uma visão de cadeia de valor. 

A decisão que mais nos ataca a memória dos anteriores titulares foi a primeira – desligar o ar condicionado e abolir casacos e gravatas. Há sempre uma primeira oportunidade para causar uma primeira boa impressão…

Virada a página, o atual governo jogou pelo seguro – uma equipa experiente, conhecedora do campo e da arte, capaz de recolocar o esforço dos agricultores no centro da atividade governativa. 

Há uns dias o primeiro-ministro e o ministro da agricultura presidiram à assinatura dos contratos com as associações de desenvolvimento local para a concretização de um dos eixos do programa quadro que vigorará até 2020. Poder-se-á perguntar sobre a razão de uma presença tão afirmada sob o ponto de vista institucional, mas a resposta é simples – o desenvolvimento do interior, o reforço da capacidade económica das regiões mais deprimidas, a consagração de uma leitura mais agregada ao território que fomente as nano iniciativas, são marcas que ficaram da sessão promovida. 

Aproxima-se agora o tempo da execução. Sabemos, de experiência feita, que não basta desenhar os programas, consagrar formas elegantes e lógicas para a sua concretização. É importante um acompanhamento ao milímetro, uma medição diária de objetivos e, principalmente, uma perspetiva isenta na apreciação dos projetos. 

A tudo isto interessa uma outra observação das iniciativas que não se revelem redundâncias dos anteriores quadros plurianuais. Sem uma visão integrada, comportando economia e território, gestão e marketing, será impossível o virar de página. 

Estamos certos que se conseguirá. Sabemos que nada falta para que se consiga.