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Cultura (também) é desenvolvimento

Cultura (também) é desenvolvimento

Por detrás do pretexto da crise económica, assistimos, nos últimos quatro anos, a uma subvalorização da cultura sem precedentes, caraterizada pela ausência total de uma estratégia que não foi capaz de assumir a cultura como motor de desenvolvimento da nossa sociedade.

Opinião de:

Cultura (também) é desenvolvimento

Cultura e desenvolvimento devem ser, pois, as palavras-chave orientadoras de uma política capaz de afirmar o sector cultural e criativo como uma área absolutamente elementar para a construção de um país assente em cidadãos mais participativos e culturalmente sensíveis, cujo capital humano contribuirá para a existência de um sector cultural mais dinâmico e, consequentemente, mais eficaz na geração de riqueza e emprego. 

Estudos recentes indicam que Portugal é um dos países da União Europeia com indicadores de acesso e participação cultural mais baixos, apresentando índices de participação mais baixos ao nível da frequência de espetáculos de dança, teatro, música, ou no campo da leitura. Cerca de 59% dos portugueses admitem uma relação distante com a cultura, dado que coloca o nosso país com o segundo valor mais elevado de baixa participação cultural. Impõe-se, por isso, a promoção de políticas que estimulem o acesso universal à cultura, com enfoque na juventude, que contribuirão, naturalmente, para a formação de públicos culturais. Ao mesmo tempo, é necessário reforçar os currículos de ensino básico e secundário com conteúdos artísticos e culturais, numa estreita relação entre as escolas, os artistas e as instituições culturais. A criação de novos públicos e novos hábitos culturais deve estimular, também, o aparecimento de mecanismos que facilitem uma participação mais regular dos cidadãos portugueses, quer na participação de iniciativas de índole cultural, quer na aquisição de bens culturais.  

Reconhecer a cultura como fator central do desenvolvimento e da participação ativa e plena dos cidadãos nas sociedades contemporâneas é o ponto de partida para o surgimento de uma política cultural transversal e concertada, capaz de colocar, também nesta área, Portugal à frente do seu tempo.