Criar emprego qualificado e recuperar a confiança
O secretário-geral do PS falava em Santa Cruz, no concelho de Torres Vedras, durante o comício da ‘rentrée’ política que marcou o encerramento do YES Summer Camp, acampamento que reuniu cerca de mil jovens socialistas europeus.
Num discurso onde abordou, uma vez mais, as propostas do PS para restaurar a confiança e dar condições de uma vida digna para os jovens, António Costa não poupou nas críticas a Passos Coelho, que disse constituir uma ameaça ao querer diminuir os custos do trabalho quando o que o país precisa é de reformas para travar a emigração de jovens qualificados.
“O primeiro-ministro disse há alguns meses que a grande frustração que levava desta legislatura era não ter conseguido reduzir os custos do trabalho”, lembrou o líder socialista.
Acrescentando que esta é “uma ameaça sobre o que ele quereria fazer se tivesse oportunidade de continuar” a liderar o governo na próxima legislatura.
António Costa disse que o líder da coligação da direita tem de saber, de uma vez opor todas, “que as reformas que são precisas no mercado de trabalho não são para baixar os custos, para precarizar o trabalho e facilitar o despedimento”.
Ao invés das propostas da direita, o líder socialista defendeu que o país precisa é de reformas que assegurem condições “para não continuarmos a perder esta geração mais qualificada que está a ir trabalhar para fora, porque lá fora encontra emprego que não encontra com dignidade e qualidade em Portugal”.
Um verdadeiro contrato de gerações
Em Santa Cruz, onde marcaram presença muitos militantes e simpatizantes socialistas para assistir ao comício da rentrée política do PS, António Costa considerou fundamental restabelecer “a confiança”.
E isto porque, continuou, “os portugueses sofreram quatro anos muito duros e o que todos anseiam é uma palavra de esperança e confiança no futuro do país, o que se faz com as políticas certas”.
E essas “políticas certas”, reiterou o secretário-geral do PS, passam por “investir no conhecimento e inovação, combater a precariedade, promover políticas de emprego centradas na criação de emprego ativo, e por um contrato que assegure a solidariedade entre as diferentes gerações”.
O líder do PS considerou fundamental “repor a educação como prioridade da ação política”, enriquecendo os currículos com o ensino artístico, fundamental para a cultura”, e valorizando o ensino superior.
Na sua intervenção, António Costa defendeu um “verdadeiro contrato de gerações” que vença “esta situação absurda de cada vez prolongarmos mais a idade de passagem à reforma e cada vez termos menos emprego para os jovens que querem aceder ao mercado de trabalho”.
A proposta do PS, explicou, é que que os mais velhos possam reformar-se a tempo parcial, “trabalhando meio tempo e beneficiando da segurança social no outro meio tempo”, tendo como contrapartida “a criação de um emprego a tempo inteiro para um jovem”.
Com o PS no Governo, assegurou, não se gastarão recursos públicos para “financiar estágios” que deviam ser ocupados “por empregos efetivos, já que “os poucos recursos que existem serão mobilizados para criar postos de trabalho efetivos”, em particular para “os jovens licenciados”.
Considerando que “temos vindo a aceitar com excessiva ligeireza que sejam qualificados como emprego situações que são verdadeiras ofensas à dignidade do trabalhador”, António Costa defendeu que é preciso passar a mensagem aos jovens, com propostas concretas, de que “precisamos deles mesmo a sério, não para estarem a trabalhar em ‘call centers’, mas para estarem a modernizar as empresas portuguesas”.