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Crescimento ficou abaixo de todas as estimativas

Crescimento ficou abaixo de todas as estimativas

As previsões do Governo de crescimento do PIB em Portugal falharam em toda a linha, ficando muito abaixo de todas as estimativas conhecidas, afirmou hoje João Galamba. Os economistas convidados pelo PSD não acertaram nas previsões, desmentindo o entusiasmo do primeiro-ministro.

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O dirigente do PS reagia assim, no Parlamento, aos números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano em Portugal, apontando para um crescimento homólogo de 1,4%, muito diferente da estimativa feita por dois economistas do PSD para Passos Coelho.

“Estamos perante um valor que fica no limite inferior e mais conservador de todas as estimativas conhecidas para o crescimento do PIB no primeiro trimestre deste ano e abaixo do que está orçamentado. Fica muito abaixo de todas as estimativas sobre a evolução do PIB apresentadas nos últimos tempos”, disse.

“O primeiro-ministro confiou em dois economistas que convidou para fazerem parte do seu grupo destinado a responder ao quadro macroeconómico do PS falo do economista chefe do BCP, José Maria Brandão de Brito, e de Inês Domingos, do Núcleo de Economistas da Católica e colaboradora do jornal online ‘Observador’. Devem ter sido estes dois economistas que deram a indicação ao primeiro-ministro de que a economia cresceria muito mais: 1% em cadeia em vez de 0,4%, e cerca de 2,2% em vez de 1,4%”, defendeu João Galamba.

O secretário nacional do PS referiu que o primeiro-ministro se mostrou “ufano”, alegando ter fortes indicações de que o PIB poderia ficar acima das estimativas, “mas enganou-se, porque foi enganado”. Assim, frisou, caiu por terra “o entusiasmo do primeiro-ministro, que não tem qualquer fundamento”.

Para João Galamba, “numa altura em que a maioria PSD/CDS tenta lançar poeira para os olhos em torno do quadro macroeconómico do PS, uma coisa é certa: os dois economistas que o PSD escolheu para lhes calcular um quadro macroeconómico falharam colossalmente na sua primeira estimativa”.

O dirigente do PS sublinhou que “este crescimento depende, em grande parte, do consumo privado, que em larga medida resultou da compra de automóveis. Não parece haver um contributo do investimento”.

Para João Galamba fica claro que “os efeitos miraculosos não existem”, já que, adiantou, “mesmo num contexto externo favorável, a economia não arranca”.

CRESCIMENTO DO PIB ABAIXO DAS PREVISÕES

A estimativa rápida do Produto Interno Bruto (PIB) divulgada hoje pelo do Instituto Nacional de Estatística (INE) está abaixo da previsão anual do Governo de 1,6%, e ficou abaixo da maioria das previsões feitas por instituições públicas e privadas. Segundo o INE, o PIB no primeiro trimestre de 2015 cresceu 1,4% em relação ao 1.º trimestre de 2014 (variação homóloga), e 0,4% em relação ao 4.º trimestre do ano passado (variação em cadeia). Estes valores ficam muito aquém do que várias instituições antecipavam:

  Variação homóloga Variação em cadeia
Comissão Europeia 1,7% 0,5%
Millenium 2,2% 1%
Universidade Católica 2,1% 0,9%
Montepio 1,7% 0,5%
BPI 1,5% 0,4%
Bloomberg 1,4%

É importante notar que o crescimento homólogo no 1.º trimestre do ano está influenciado positivamente por um facto atípico que não se vai repetir nos restantes trimestres de 2015. Recorde-se que a refinaria de Sines – responsável pela maioria das nossas exportações de combustíveis, que já valem mais de 10% do total das exportações de bens – esteve encerrada durante quase todo o 1.º trimestre de 2014. Durante este período, as exportações de combustíveis foram mais baixas do que o habitual, mas as importações foram muito elevadas (foram usadas para a acumulação de stocks), e deste facto resultou um acentuado efeito negativo da procura externa líquida no 1.º trimestre de 2014.

Quando se compara o PIB do 1.º trimestre de 2015 com o 1.º trimestre de 2014, a diferença positiva entre exportações e importações observada no 1.º trimestre de 2015 – e que contribui positivamente para o PIB – está influenciada por este efeito extraordinário. Como não é de esperar que a procura externa líquida tenha um efeito tão positivo no PIB nos próximos trimestres, afigura-se como difícil ao Governo atingir a sua estimativa de crescimento de 1,6% em 2015.

Nesta publicação, o INE reviu também em baixa de 0,1 p.p. nas taxas de variação homóloga e em cadeia do PIB para o 3.º trimestre de 2014. Assim, o PIB não cresceu no último trimestre do ano passado, em relação ao mesmo período de 2013, 0,7%, mas apenas 0,6%; e em relação ao 4.º trimestre de 2013, a variação foi positiva em 0,4%, e não 0,5%, como anteriormente estimado.